PME Magazine - Edição 10 - Outubro 2018
Álvaro Covões, diretor-geral da Everything is New, é a figura de capa da 10.ª edição da PME Magazine. Esta entrevista e muito mais aqui.
Álvaro Covões, diretor-geral da Everything is New, é a figura de capa da 10.ª edição da PME Magazine. Esta entrevista e muito mais aqui.
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RH<br />
petências, experiência ou conhecimento – são também<br />
pontos críticos. Assim, neste caso, empresas que<br />
tenham a possibilidade de oferecer programas de formação<br />
ou carreiras internacionais, estas oportunidades<br />
poderão aumentar fortemente a possibilidade de serem<br />
valorizadas e desejadas pelos millennials. Por sua vez,<br />
no caso do recrutamento desta geração, o digital é incontornável:<br />
a presença em redes sociais é fundamental,<br />
assim como a atenção ao que é dito sobre a empresa<br />
nas diferentes comunidades digitais.<br />
estão mais ágeis e flexíveis. Assim, perceber a evolução<br />
profissional apenas como um movimento de ascensão<br />
vertical é considerado redutor, sendo que actualmente<br />
são os movimentos laterais (um percurso profissional<br />
passando por funções distintas) a base que sustenta<br />
carreiras de sucesso.<br />
“Os millennials procuram essencialmente<br />
empresas com um propósito,<br />
que tenham uma missão"<br />
A retenção apresenta, na minha opinião, desafios mais<br />
complexos. Um dos principais pontos é que as empresas<br />
não são constituídas unicamente por uma só geração,<br />
pelo que a saudável interacção entre as mesmas<br />
é fundamental tanto para o sucesso da empresa como<br />
para a retenção das suas pessoas. Neste sentido, as<br />
melhores práticas apontam para a criação de equipas<br />
multigeracionais, em que os colaboradores mais seniores<br />
partilham o seu conhecimento com os mais novatos,<br />
constituindo normalmente uma abordagem win-win: os<br />
mais seniores apreciam e sentem-se reconhecidos ao<br />
partilhar conhecimento e ao dar feedback, enquanto<br />
os mais novos valorizam esses mesmos momentos de<br />
feedback e de aprendizagem. Assim, não são as equipas<br />
tradicionais (com um chefe e subordinados) que<br />
retém os millennials, mas antes a constituição de equipas<br />
que trabalham por projectos específicos e em que<br />
são todos peers (neste mesmo projecto), sendo que é<br />
na interacção entre todos que se faz a passagem de conhecimento,<br />
a troca de experiências, a aprendizagem e<br />
a criação de redes. Envolver os millennials em projectos<br />
transversais na empresa (projectos fora do seu âmbito/<br />
função habitual) tem-se revelado também como uma<br />
óptima ferramenta de engagement e retenção, uma vez<br />
que é reforçado o seu papel e importância dentro da<br />
empresa, assim como é dada a possibilidade de aquisição<br />
de novos conhecimentos (que tanto valorizam). Relativamente<br />
à função que desempenham, é fundamental<br />
evidenciar, mensurar e reconhecer o impacto que o seu<br />
trabalho tem na empresa.<br />
“As empresas não são constituídas<br />
unicamente por uma só geração,<br />
pelo que a saudável interacção entre<br />
as mesmas é fundamental"<br />
Desta forma, e como resposta a estas mesmas “exigências”,<br />
ao longo dos últimos anos temos assistido a algum<br />
achatamento da estrutura das empresas: se há alguns<br />
anos entre o trainee e o CEO existiam imensos degraus<br />
hierárquicos, hoje a realidade é distinta e as empresas<br />
28<br />
Constituição de equipas por projeto é fator de retenção<br />
Uma empresa que queira recrutar e reter os melhores<br />
deve procurar ter uma proposta de valor muito completa,<br />
assente em várias variáveis e comunicada de forma<br />
transparente e directa. Do ponto de vista de retenção<br />
a comunicação e gestão de expectativas é chave. Na<br />
Randstad há muito que abandonámos as avaliações de<br />
desempenho e adoptámos um sistema a que chamamos<br />
de great conversations, em que convidamos todos os colaboradores<br />
a conversarem, no mínimo trimestralmente,<br />
sobre os temas que consideram relevantes, com a frequência<br />
que acharem adequada e com feedback bidireccional,<br />
de forma a estarmos todos alinhados e com<br />
uma visão comum sobre os desafios com que lidamos.<br />
No meu ponto de vista, esta geração millennial não é<br />
nem melhor nem pior do que as anteriores, ou até do que<br />
as que ainda estão para entrar no mercado de trabalho.<br />
Apresentam, sim, características que têm que ser compreendidas<br />
para que possamos ajustar a forma como<br />
interagimos e a gerimos. As competências, aptidões naturais<br />
ou skills necessárias para determinada função ou<br />
projecto são, obviamente, fundamentais para o sucesso<br />
do processo. Contudo, na minha opinião, o factor decisivo<br />
quando recruto são os valores e a ética de trabalho.<br />
Se estes não estiverem alinhados com a cultura da<br />
empresa e com os restantes colaboradores, por muito<br />
competente que o candidato possa ser o sucesso será<br />
seguramente menor. Pertença a que geração for.<br />
*Nota: este artigo foi escrito ao abrigo do Antigo Acordo Ortográfico.