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O RETORNO DA NARRATIVA. Análise crítica da narrativa. MOTTA, Luiz Gonzaga.

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de conformi<strong>da</strong>de com normas ver<strong>da</strong>deiras, a fim de obter credibili<strong>da</strong>de:<br />

"um texto fictício tem maior ou menor verossimilhança (oferece maior<br />

ou menor ilusão) dependendo do grau em que se corresponde com aquilo<br />

que se presume seja a reali<strong>da</strong>de ver<strong>da</strong>deira" (PRINCE, 1987, p. 102).<br />

Para fazer sentido e conseguir os efeitos desejados pelo narrador, a<br />

literatura necessita ancorar os fatos no real. Mesmo a literatura fantástica,<br />

que relata casos absurdos, necessita reafirmar o real para remeter seus<br />

leitores ao mundo irreal, a fim de provocar os efeitos de espanto ou<br />

assombro (<strong>MOTTA</strong>, 2006). O grau de verossimilhança ou de fantasia<br />

de um conto, romance ou telenovela depende <strong>da</strong> intencionali<strong>da</strong>de<br />

do autor e <strong>da</strong> estratégia <strong>narrativa</strong> que ele adota para confirmar essa<br />

intencionali<strong>da</strong>de: alguns contos ou telenovelas podem ser mais<br />

realistas, outros, mais fantásticos. Podem ain<strong>da</strong> explorar um terreno<br />

híbrido como o realismo fantástico <strong>da</strong> literatura latino-americana e de<br />

algumas telenovelas brasileiras. Por outro lado, a historiografia realista<br />

também relata e gera inevitavelmente subjetivi<strong>da</strong>des quando destaca o<br />

papel de um herói nacional, quando relata a vitória heróica de certo<br />

segmento social frente a outro em uma batalha ou movimento social,<br />

por exemplo. Os relatos históricos ou jornalísticos estão impregnados<br />

de subjetivi<strong>da</strong>des, mesmo quando fazem um esforço para dessubjetivar-se<br />

Essa discussão foi feita com detalhes na parte sobre a historiografia, no<br />

primeiro capítulo deste livro.<br />

A partir <strong>da</strong>s observações acima é fácil constatar que as <strong>narrativa</strong>s<br />

midiáticas podem ser tanto fáticas (notícias, reportagens, entrevistas,<br />

documentários, transmissões ao vivo, entre outros) quanto fictícias<br />

(filmes, telenovelas, videoclipes musicais, anúncios narrativos, por<br />

exemplo). Podem ser híbri<strong>da</strong>s em muitos casos, como nos programas<br />

de auditório, entrevistas ou comerciais que necessitam remeter o<br />

consumidor ao seu mundo real para realizar o efeito de sedução e<br />

convencimento, assim como outras <strong>narrativa</strong>s midiáticas.<br />

Os relatos veiculados pela mídia exploram estrategicamente o<br />

fático e o imaginário buscando ganhar a adesão do ouvinte, telespectador

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