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O RETORNO DA NARRATIVA. Análise crítica da narrativa. MOTTA, Luiz Gonzaga.

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comunicativa de ca<strong>da</strong> um deles, observar a posição e os enquadramentos<br />

do narrador (a perspectiva, os pontos de vista, por exemplo), identificar<br />

o papel e a posição <strong>da</strong>s personagens nos conflitos <strong>da</strong> estória, os jogos de<br />

linguagem do jornalismo (como ironias ou metáforas), o uso e abuso dos<br />

dêiticos e seus significados, as implicações, os subentendidos, os efeitos<br />

de sentido. Seguindo as sugestões preliminares do capítulo anterior,<br />

ele poderá compreender a comunicação <strong>narrativa</strong> jornalística como<br />

um processo entre sujeitos interlocutores e observar as interpretações<br />

de mundos possíveis, a experiência estética <strong>da</strong> recepção jornalística<br />

onde esvaece o mundo fático e manifesta-se o mundo subjetivo <strong>da</strong>s<br />

ideologias, mitos e modelos de mundo.<br />

Tempo e atuali<strong>da</strong>de: a <strong>narrativa</strong> jornalística como história do presente -<br />

A compreensão <strong>da</strong> <strong>narrativa</strong> jornalística <strong>da</strong> forma como acabei de<br />

propor remete à questão <strong>da</strong> história do presente. Por sua inerente<br />

coetanei<strong>da</strong>de, onde se condensam o mundo imediato <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e o mundo<br />

do discurso sobre ele, as análises pragmáticas <strong>da</strong> <strong>narrativa</strong> jornalística<br />

aqui sugeri<strong>da</strong>s, de cunho cultural e antropológico, vão necessariamente<br />

se encontrar com aquilo que alguns historiadores chamam de história<br />

do presente. Mencionei anteriormente o valor do conceito de história<br />

do presente para a análise <strong>da</strong> <strong>narrativa</strong> jornalística que aqui sugiro.<br />

Aos céticos que perguntam por que fazer uma análise <strong>da</strong> <strong>narrativa</strong><br />

jornalística, respondo inicialmente que ela pode reconstituir a essência<br />

<strong>da</strong> história do presente. Se o presente de fato se adensou e se expandiu,<br />

como afirmam tantos historiadores, cresce a necessi<strong>da</strong>de de analisar<br />

a <strong>narrativa</strong> jornalística como instituinte e constituinte desse fugidio<br />

presente. Até porque o jornalismo é a <strong>narrativa</strong> hegemónica sobre to<strong>da</strong>s<br />

as outras na construção <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de imediata e do senso comum.<br />

História do presente seria uma contradição em termos: só podemos<br />

perceber a história que se passou a partir de certo distanciamento<br />

temporal. Refutando essa assertiva para constituir-se como um ramo<br />

<strong>da</strong> historiografia, a história do presente parte do pressuposto de que<br />

percebemos e construímos o sentido do presente como uma história do

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