O RETORNO DA NARRATIVA. Análise crítica da narrativa. MOTTA, Luiz Gonzaga.
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- e particularmente aqui - é pela análise <strong>da</strong> relação comunicativa entre<br />
sujeitos sociais vivos e ativos, que atuam discursivamente em contexto,<br />
conforme enfatizo no parágrafo que encerra a análise <strong>da</strong> <strong>narrativa</strong><br />
midiática, e esclareço com mais detalhes no capítulo sobre metodologia.<br />
Jogos de poder e estratégias <strong>narrativa</strong>s no jornalismo - A partir <strong>da</strong><br />
perspectiva <strong>da</strong> narratologia que aqui proponho, o analista <strong>da</strong> <strong>narrativa</strong><br />
jornalística deve considerar a relação entre os interlocutores desse<br />
gênero de comunicação em sua totali<strong>da</strong>de e especifici<strong>da</strong>de, conforme<br />
chamamos a atenção acima e detalhamos nos capítulos sobre<br />
metodologia. Precisa levar em conta que há pelo menos três narradores<br />
(ou vozes) sobrepostos na comunicação jornalística: 1) o veículo<br />
(jornal, revista, telejornal ou jornal on-linè)\ 2) o jornalista (repórteres,<br />
editores, ilustradores, apresentadores); 3) a personagem (vozes que se<br />
manifestam nas reportagens, quase sempre em confronto uma com<br />
a outra). No decorrer do processo de enunciação de ca<strong>da</strong> assunto<br />
reportado, esses três narradores levam a cabo uma negociação simbólica<br />
e política com os outros narradores pelo poder de voz.<br />
Na produção <strong>da</strong> <strong>narrativa</strong> jornalística, esses três narradores vivem<br />
entre eles uma relação mais tensa que harmônica, e as forças envolvi<strong>da</strong>s<br />
nessa disputa pelo poder simbólico se refletirá na configuração final <strong>da</strong><br />
estória a ser publica<strong>da</strong>. O analista precisa considerar adisputados narradores<br />
entre si na tarefa de mediação, e a dos dois primeiros com as suas fontes<br />
na configuração <strong>da</strong> representação dos incidentes. Estu<strong>da</strong>r as estratégias<br />
dessas fontes para obter visibili<strong>da</strong>de, a negociação entre os atores sociais<br />
em conflito para aparecer favoravelmente na intriga jornalística, o papel<br />
do jornalista-narrador como mediador, as determinações <strong>da</strong> sua cultura<br />
profissional, as estratégias comerciais e interesses do narrador-jornal (ou<br />
telejornal), a configuração que o narrador-jornalista faz dos episódios,<br />
a síntese temática que vai surgindo à medi<strong>da</strong> que, dia a dia, as notícias<br />
sobre um determinado assunto compõem os acontecimentos-intriga,<br />
os efeitos de retar<strong>da</strong>mento do desfecho, de criação de expectativas e<br />
suspenses estrategicamente introduzidos pelo narrador, por exemplo. Na