Jornal das Oficinas 163
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PUB<br />
Colaboração Centro CESVIMAP<br />
www.cesvimap.com<br />
tempo que passou a ser gerido pela<br />
electrónica: acelerador eletrónico, travões<br />
com ESP (eletrónico) e direção<br />
elétrica. E, de facto, os sistemas ADAS<br />
já assumem o controlo do veículo em<br />
qualquer circunstância, sem problemas<br />
de maior.<br />
O problema surge com a perceção do<br />
espaço envolvente. Não é fácil para<br />
um sistema informático ler com clareza<br />
o espaço envolvente e interpretá-<br />
-lo. Atualmente, utilizam-se câmaras,<br />
sensores LiDAR (o mais famoso é<br />
conhecido como Velodyne) e radares<br />
cujo preço é elevadíssimo. No entanto,<br />
a imagem composta está muito longe<br />
de ser perfeita e a análise da mesma é<br />
muito complexa. Hoje, um veículo autónomo<br />
ainda não é capaz de traduzir<br />
o espaço envolvente e todos os seus<br />
parâmetros. O ser humano é muito difícil<br />
de imitar.<br />
A tecnologia de perceção ainda tem<br />
muito caminho a percorrer até ser<br />
completamente fiável, mas há muitos<br />
profissionais especializados a tentar<br />
melhorá-la. De facto, fazem-no, mas<br />
o horizonte continua a estar ainda<br />
distante. Se ao problema da perceção<br />
acrescentarmos o da decisão, elevamos<br />
à enésima potência a casuística de funcionamento<br />
de um veículo autónomo.<br />
Quem programa as decisões e com<br />
base em que critérios? Contemplam-<br />
-se todos os cenários? De quem será a<br />
responsabilidade em caso de acidente?<br />
E o que ainda é mais inquietante: pode<br />
um veículo autónomo, perante a máxima<br />
avaliação de risco, optar por matar<br />
o seu ocupante? O mal menor?<br />
Onde estamos?<br />
A norma internacional SAE J3016<br />
define o que é um veículo autónomo<br />
e quais são os níveis de automatização<br />
necessários para chegar ao mesmo.<br />
Assumindo que o nível 0 é um veículo<br />
“convencional” e o 5 um veículo autónomo,<br />
vejamos as características de<br />
cada um:<br />
NÍVEL 1: veículos equipados com<br />
ADAS capazes de realizar alguma<br />
função automaticamente (como, por<br />
exemplo, a manutenção na faixa ou o<br />
controlo adaptativo da velocidade de<br />
cruzeiro).<br />
NÍVEL 2: automatização em certas<br />
condições, sempre sob a supervisão do<br />
condutor e sendo sempre este responsável<br />
pelo que se passa. Pode soltar o<br />
volante durante pequenos períodos de<br />
tempo, mas não feche os olhos.<br />
NÍVEL 3: veículo que pode circular,<br />
automaticamente, em determinados<br />
ambientes, mas que, em certas circunstâncias,<br />
pedirá ao condutor que<br />
intervenha, pelo que o mesmo tem de<br />
estar preparado para tal. Por exemplo:<br />
obras e saí<strong>das</strong> na autoestrada.<br />
C<br />
Nos restantes ambientes para os quais<br />
M<br />
não está programado, ocorrerá uma<br />
condução manual ou parcialmente Y<br />
assistida. Baseiam-se neste nível os<br />
CM<br />
testes científicos que são, atualmente,<br />
MY<br />
realizados. Os ambientes controlados<br />
CY<br />
podem ser autoestra<strong>das</strong> e parques de<br />
CMY<br />
estacionamento. Na Europa, é necessária<br />
uma permissão especial da auto-ridade<br />
correspondente para se poderem<br />
fazer testes em estrada aberta.<br />
NÍVEL 4: trata-se do mesmo veículo,<br />
mas nos ambientes para os quais esteja<br />
programado, não perguntará ao condutor,<br />
tomando a opção que considere.<br />
Nos restantes ambientes, continuará a<br />
ocorrer uma condução manual ou parcialmente<br />
assistida.<br />
NÍVEL 5: o condutor não é necessário.<br />
O automóvel irá levá-lo ao trabalho e,<br />
depois, estacionará sozinho.<br />
Nós damos uma mãozinha<br />
Não fazemos<br />
manutenção automóvel,<br />
mas fazemos a manutenção<br />
da sua terminologia!<br />
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Junho I 2019 91