PrÊMiOs 25 26 Fotos: Alê Oliveira 27 28 29 30 31 25. Francisco Madia, presi<strong>de</strong>nte da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Marketing 26. Maria Lucia Cucci e Paula Merlo, da Vogue 27. Francisco Madia e Aline Moda, do Google Brasil 28. Armando Ferrentini e Andrea Hirata, da Leo Burnett Tailor Ma<strong>de</strong> 29. Armando Ferrentini e Francisco Custódio, do Grupo <strong>de</strong> Mídia <strong>de</strong> SP 30. Armando Ferrentini discursou em <strong>de</strong>fesa da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão 31. Maria Lucia Cucci e equipe da Trip Editora, que publica a Revista Gol 38 9 <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> - jornal propmark
encontRos propmark Roberto Duailibi analisa mercado e fala sobre passado, presente e futuro Publicitário é o primeiro convidado da série Encontros PROPMARK; aos 83 anos, o lendário “D” da DPZ foi sabatinado por jornalistas do veículo LEONARDO ARAUJO Roberto Duailibi é o primeiro convidado da série Encontros PROPMARK. Serão várias entrevistas feitas pela própria redação do jornal com nomes históricos da propaganda brasileira. Aos 83 anos e esbanjando vitalida<strong>de</strong>, o lendário “D” da DPZ (hoje DPZ&T) e fundador <strong>de</strong> uma das agências mais tradicionais do mercado, ao lado <strong>de</strong> Francesc Petit e José Zaragoza, foi sabatinado pela equipe <strong>de</strong> jornalistas do veículo e falou sobre passado, presente e futuro da comunicação. Para ele, a principal revolução da publicida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna foi a chegada do computador. “Isso foi revolucionário”. Duailibi ainda vai “todos os dias” para seu escritório na DPZ&T e relembra que a profissão <strong>de</strong> publicitário sempre foi muito ligada ao <strong>de</strong>senvolvimento da tecnologia. “A mera <strong>de</strong>scoberta do clichê tipográfico foi uma revolução para a época”, reflete. Outro ponto que diferencia o passado e o presente da propaganda é o diálogo com o cliente. Se antes o atendimento (ou “contato”, como diz Duailibi) tinha <strong>de</strong> ir pessoalmente mostrar os trabalhos, hoje a relação é menos pessoal. “Ficou muito mais fácil <strong>de</strong> o próprio cliente entrar num processo criativo”, comenta parafraseando David Ogilvy: “quando você não tem o que dizer, dance”. “O que você vê no intervalo da televisão, hoje, além dos anúncios das próprias emissoras, é muita gente dançando”, compara. Dentre os trabalhos marcantes da DPZ feitos na época em que Duailibi participava da rotina da agência estão campanhas históricas, como o Garoto Bombril e o Baixinho da Kaiser. Sobre a propaganda atual, Duailibi afirma que, como toda obra artística, é da quantida<strong>de</strong> que se extrai qualida<strong>de</strong>. “E com a propaganda não é diferente. Você pega um jornal, revista, assiste TV, ouve rádio, a maioria das mensagens po<strong>de</strong>ria ter sido feita <strong>de</strong> uma maneira melhor”, analisa. Hoje, o “D” segue “mais como observador”. “Já não coloco a mão na massa, porque a profissão é muito sofrida. Se você pensar bem, é uma profissão <strong>de</strong> uma tensão permanente”, explica. Duailibi relata nuances <strong>de</strong> seu cotidiano <strong>de</strong> maneira poética. O publicitário menciona a vista <strong>de</strong> seu escritório na DPZ&T e <strong>de</strong>staca como os prédios trazem inspiração. “Dentro <strong>de</strong> cada janelinha <strong>de</strong>ssas tem alguém que precisa daquilo que eu sei fazer. Não po<strong>de</strong> dar errado”, diz. Duailibi (ao centro) é sabatinado por jornalistas: publicitário é o primeiro convidado da série Encontros PROPMARK “os clientes nunca foram totalmente fiéis às agências” Sobre as mudanças recentes no mercado, como a saída <strong>de</strong> Fabio Fernan<strong>de</strong>s da F/Nazca, Duailibi fala que a influência dos gran<strong>de</strong>s grupos é inevitável. “O caso do Fabio é a soberania do Ebitda, coisa que nós não tínhamos. Nós trabalhávamos para ter lucro, mas não tínhamos noção <strong>de</strong> percentagem ou <strong>de</strong> quanto ia ren<strong>de</strong>r aquele investimento que nós fizemos, dar satisfação para um conselho... O que aconteceu com o Fabio já tinha acontecido antes com Martin Sorrell, aconteceu com Steve Jobs”, explica. “Alguém me falou: com essas empresas você tem <strong>de</strong> ren<strong>de</strong>r exatamente aquilo que está planejado, porque se ren<strong>de</strong>r menos, acen<strong>de</strong> uma luz vermelha piscando, e se ren<strong>de</strong>r mais, acen<strong>de</strong> uma outra luz vermelha piscando. É uma situação diferente da nossa. A gente se divertia mais. Agora você tem essa meta e o Ebitda é cruel”, lamenta, fazendo menção ao termo que na sigla em inglês significa “Earnings before interest, taxes, <strong>de</strong>preciation and amortization”. Em português, seria algo como “Lucros antes <strong>de</strong> juros, impostos, <strong>de</strong>preciação e amortização” (também conhecida como Lajida). Trata-se <strong>de</strong> um indicador muito utilizado para avaliar empresas <strong>de</strong> capital aberto. Alê Oliveira Duailibi comenta que “os clientes nunca foram totalmente fiéis às agências”, e que a dança das contas é algo natural. Para ele, todo anunciante sonha em um dia mudar <strong>de</strong> agência. “Ele fica vendo o trabalho dos outros e fala: esses caras estão fazendo um trabalho melhor que o meu. E o relacionamento sempre tem choques. O gran<strong>de</strong> choque é quando o cliente quer criar. Alguns clientes não reconhecem a contribuição da agência”, confessa, relembrando uma frase <strong>de</strong> John F. Kennedy: “O sucesso tem muitos pais, o fracasso é órfão”. E se hoje a profissão que o consagrou parece estar no divã, se questionando sobre seu papel no mundo, Duailibi é taxativo: “a função primária da propaganda é ven<strong>de</strong>r um produto”. “O diretor <strong>de</strong> vendas ou <strong>de</strong> marketing olha aquela máquina produzindo o tempo todo e pensa: eu tenho <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r isso [...]. E, para ven<strong>de</strong>r, você precisa anunciar. Não vamos salvar o mundo ao mesmo tempo, a nossa cota <strong>de</strong> salvação é o produto que ven<strong>de</strong>mos”, afirma. Em 1968, quando fundou a agência ao lado <strong>de</strong> Petit e Zaragoza, o país também enfrentava uma crise financeira. “Não era só uma recessão, era uma <strong>de</strong>pressão”, conta. Perguntado sobre qual conselho ele daria aos donos <strong>de</strong> agência no Brasil, o publicitário brinca: “Não existem mais donos <strong>de</strong> agências (risos)”, mas observa que tudo vale a pena quando se está feliz. “Porque o importante é fazer alguma coisa em que você se divirta”. jornal propmark - 9 <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> 39