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7. Origem - Dan Brown

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Langdon ficou cético imediatamente, sabendo como Kirsch se sentia com relação ao tema da vida

extraterrestre em nosso planeta.

– Fascinante. O que leva o senhor a dizer isso? – questionou a apresentadora.

– A vida vinda do espaço é a única resposta racional. Já temos provas incontestáveis de que

materiais podem ser trocados entre os planetas. Há fragmentos de Marte e de Vênus, além de centenas de

amostras de fontes não identificadas, o que apoiaria a ideia de que a vida chegou através de rochas

espaciais na forma de micróbios e então evoluiu até formar a vida que existe na Terra.

A apresentadora assentiu com atenção.

– Mas essa teoria, dos micróbios vindos do espaço, já não existe há décadas, sem qualquer prova?

Como o senhor acha que um gênio como Edmond Kirsch poderia provar uma teoria assim, que parece

estar mais no âmbito da astrobiologia do que da ciência da computação?

– Bom, há uma lógica sólida nisso – respondeu o Dr. Bennett. – Os principais astrônomos vêm

alertando há décadas de que a única esperança de sobrevivência da humanidade a longo prazo será

deixar este planeta. A Terra já está na metade de seu ciclo de vida, e por fim o Sol vai se expandir até

virar uma gigante vermelha e nos consumir. Isto é, se sobrevivermos às ameaças mais iminentes da

colisão de um grande asteroide ou de uma enorme explosão de raios gama. Por esses motivos, já estamos

projetando postos avançados em Marte para que possamos partir em direção ao espaço profundo em

busca de um novo planeta habitável. Não preciso dizer que essa é uma tarefa gigantesca e que, se

pudéssemos encontrar um modo mais simples de garantir a sobrevivência, iríamos implementá-lo

imediatamente.

O Dr. Bennett fez uma pausa.

– E talvez haja um modo mais simples. E se, de alguma forma, pudéssemos colocar o genoma humano

em cápsulas minúsculas e mandar milhões delas para o espaço na esperança de que alguma possa

enraizar, semeando a vida humana num planeta distante? Essa tecnologia ainda não existe, mas nós a

estamos discutindo como uma opção viável para a sobrevivência humana. E se nós estamos considerando

“semear a vida”, deduz-se que uma forma de vida mais avançada pode ter pensado nisso também.

Langdon começou a imaginar aonde o Dr. Bennett queria chegar com sua teoria.

– Tendo isso em mente – continuou o astrobiólogo –, acredito que Edmond Kirsch pode ter

descoberto algum tipo de assinatura alienígena, seja ela física, química, digital, não sei… provando que

a vida em nosso planeta foi semeada a partir do espaço. Devo mencionar que Edmond e eu tivemos um

grande debate sobre isso há alguns anos. Ele jamais gostou da teoria dos micróbios espaciais porque

achava, como muitas pessoas, que o material genético não sobreviveria à radiação mortal e às

temperaturas encontradas na longa jornada para a Terra. Pessoalmente acredito que seria viável lacrar

essas “sementes da vida” em casulos protetores à prova de radiação e dispará-los no espaço com a

intenção de povoar o cosmo, numa espécie de panspermia tecnológica.

– Certo. – A apresentadora pareceu inquieta. – Mas se alguém descobrisse provas de que os seres

humanos vieram de um casulo de sementes mandado do espaço, significaria que não estamos sozinhos no

Universo. – Ela fez uma pausa. – Além disso, muito mais incrivelmente…

– Sim? – O Dr. Bennett sorriu pela primeira vez.

– Significaria que quem mandou os casulos poderia ser… como nós… humanos!

– É, essa também foi minha primeira conclusão. – O cientista fez uma pausa. – Mas Edmond me

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