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7. Origem - Dan Brown

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almirante Luis Ávila – um antigo fiel cuja história de alcoolismo o tornava passível de ser explorado e

candidato perfeito para prejudicar a reputação dos palmarianos. Para Winston, apresentar-se como

Regente tinha sido tão simples quanto mandar um punhado de comunicações e depois transferir fundos

para a conta bancária de Ávila. Na verdade, os palmarianos eram inocentes e não tinham representado

nenhum papel na conspiração da noite.

O ataque de Ávila contra Langdon na escada espiral, segundo garantiu Winston, não tinha sido algo

intencional.

– Mandei Ávila à Sagrada Família para ser apanhado – declarou Winston. – Eu queria que ele fosse

capturado para contar sua história sórdida, que teria gerado mais interesse ainda pelo trabalho de

Edmond. Mandei que ele entrasse no prédio pelo portão de serviço leste e, ao mesmo tempo, alertei os

guardas do santuário sobre uma movimentação estranha no local. Mas o almirante decidiu pular uma

cerca, talvez para despistar os seguranças. Peço profundas desculpas, professor. Diferentemente das

máquinas, os seres humanos podem ser imprevisíveis.

Langdon não sabia mais em que acreditar.

A explicação final de Winston foi a mais perturbadora de todas.

– Depois da reunião de Edmond com os três clérigos em Montserrat, nós recebemos uma mensagem

ameaçadora do bispo Valdespino. O bispo alertou que seus dois colegas estavam tão preocupados com a

apresentação que pensavam em fazer um anúncio preventivo, com a esperança de desacreditar a

informação e mostrá-la sob outra luz antes de ser divulgada. Sem dúvida, essa perspectiva era

inaceitável.

Langdon ficou nauseado, lutando para pensar enquanto a cabine oscilava.

– Edmond deveria ter acrescentado uma linha ao seu programa – declarou. – Não matarás!

– Infelizmente não é tão simples, professor. Os seres humanos não aprendem obedecendo a

mandamentos, aprendem com o exemplo. A julgar pelos livros, filmes, noticiários e mitos antigos, os

humanos sempre celebraram as almas que fizeram sacrifícios pessoais em nome de um bem maior. Jesus,

por exemplo.

– Winston, não estou vendo um “bem maior” aqui.

– Não? – A voz de Winston permaneceu chapada. – Então deixe-me fazer esta célebre pergunta: O

senhor preferiria viver num mundo sem tecnologia… ou num mundo sem religião? Preferiria viver sem

medicina, eletricidade, transporte e antibióticos… ou sem fanáticos travando guerras por causa de

narrativas ficcionais e espíritos imaginários?

Langdon ficou em silêncio.

– É exatamente esse o meu argumento, professor. As religiões das trevas devem partir para que a

doce ciência possa reinar.

Sozinho, no topo do castelo, olhando a água brilhar a distância, Langdon teve uma estranha sensação

de distanciamento do seu próprio mundo. Descendo a escada do castelo até o jardim ali perto, respirou

fundo, saboreando o cheiro de pinho e centáureas e tentando desesperadamente esquecer o som da voz de

Winston. Ali, no meio das flores, sentiu uma falta súbita de Ambra. Quis telefonar e escutar a voz dela,

contar tudo o que havia acontecido na última hora. Mas quando pegou o telefone de Edmond soube que

não poderia fazer isso.

O príncipe e Ambra precisam de um tempo a sós. Isso pode esperar.

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