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7. Origem - Dan Brown

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modelagem da sopa primordial da Terra. Em princípio é uma experiência óbvia. Mas, na prática, é um

pesadelo de grande complexidade.

Turbulentos mares primordiais apareceram de novo no meio de relâmpagos, vulcões e ondas

enormes.

– Modelar a química do oceano exige simulação ao nível molecular. Seria como prever o clima com

tanta precisão que saberíamos a localização exata de cada molécula de ar em cada momento específico.

Desse modo, qualquer simulação significativa do mar primordial exigiria que um computador entendesse

não somente as leis da física: movimento, termodinâmica, gravidade, conservação de energia e assim por

diante. Mas também a química, para recriar de maneira precisa as ligações que iriam se formar entre

cada átomo dentro de uma sopa oceânica borbulhante.

Agora a visão mudava da superfície do oceano para um mergulho sob as águas. E, então, através de

uma lente de aumento, era possível ver a imagem de uma única gota d’água, onde um turbulento

redemoinho de átomos e moléculas virtuais se ligavam e se separavam.

– Infelizmente – disse Edmond, reaparecendo na tela –, uma simulação confrontada por tantas

permutações possíveis exige um poder de processamento gigantesco, muito além da capacidade de

qualquer computador no planeta. – Seus olhos brilharam de novo com empolgação. – Isto é… de

qualquer computador, menos um.

Um órgão de tubos soou, tocando a famosa abertura da “Toccata e Fuga em Ré Menor”, de Bach,

junto com uma espantosa fotografia em grande angular do enorme computador de dois andares criado por

Edmond.

– E-Wave – sussurrou Ambra, falando pela primeira vez em muitos minutos.

Langdon olhou para a tela. Claro… é brilhante.

Acompanhado pela dramática trilha sonora do órgão, Edmond iniciou um tour no vídeo para mostrar

seu supercomputador. Quando finalmente revelou o “cubo quântico”, o órgão chegou ao clímax com um

acorde trovejante.

– O resumo da história – concluiu – é que o E-Wave é capaz de recriar o experimento de Miller e

Urey em realidade virtual, com precisão espantosa. Não posso modelar todo o oceano primordial, claro,

por isso criei o mesmo sistema fechado, de cinco litros, que Miller e Urey usaram.

Agora surgiu um frasco virtual com substâncias químicas. A visão do líquido foi sendo ampliada e

ampliada até chegar ao nível atômico – mostrando átomos ricocheteando na mistura aquecida, fazendo e

desfazendo ligações sob as influências de temperatura, eletricidade e movimento físico.

– Este modelo incorpora tudo o que aprendemos sobre a sopa primordial desde os dias de Miller e

Urey, inclusive a provável presença de radicais de hidroxila a partir de vapor eletrificado e sulfureto de

carbonila resultante de atividade vulcânica, além do impacto das teorias de “atmosfera redutora”.

O líquido virtual continuava girando, e agrupamentos de átomos começaram a ser formar.

– Agora vamos acelerar o processo… – disse Edmond, empolgado, e o vídeo avançou num borrão,

mostrando a formação de compostos cada vez mais complexos. – Depois de uma semana, começamos a

encontrar os mesmos aminoácidos que Miller e Urey viram. – A imagem ficou turva de novo, agora

movendo-se mais depressa. – E então… mais ou menos na marca de 50 anos, começamos a ver as

sugestões dos blocos de construção do RNA.

O líquido continuou borbulhando cada vez mais rápido.

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