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Eyond thE linE<br />
Nathália Rosa/Unsplash<br />
E daí?<br />
No varejo, espera-se que o conceito<br />
omnichannel seja mais e mais impregnado<br />
Alexis Thuller PAgliArini<br />
quarentena é estendida em São Paulo e<br />
A já há capitais entrando em lockdown. E<br />
daí? Daí que a agonia daqueles que querem<br />
vislumbrar uma retomada das suas ativida<strong>de</strong>s<br />
aumenta e gera mais preocupações com<br />
a manutenção dos seus negócios.<br />
As empresas contratantes <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong><br />
marketing já retomam alguns jobs <strong>de</strong> live<br />
marketing pensando na retomada, mas<br />
adotam velhas práticas <strong>de</strong> contratação, tais<br />
como: pagamentos em prazo acima dos 30<br />
dias; concorrências não remuneradas e envolvendo<br />
mais do que quatro agências; uso<br />
<strong>de</strong> mecanismos semelhantes à compra <strong>de</strong><br />
commodities, como leilão reverso. E daí?<br />
Daí que a crise <strong>de</strong>veria ser catalisadora<br />
<strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> práticas, gerando<br />
<strong>maio</strong>r sensibilida<strong>de</strong> nas empresas<br />
contratantes quanto a uma relação mais<br />
fair, mais sustentável. A provocação do “E<br />
daí?” para por aqui. Mas as variações <strong>de</strong>ssa<br />
pergunta, sem as conotações con<strong>de</strong>náveis<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>boche, são as que mais se fazem no<br />
nosso mercado. E aí, o que vai acontecer<br />
daqui para frente? Será que voltaremos ao<br />
normal? Quando?<br />
Eventos esportivos – sem público – estão<br />
voltando em outros países. Quando começaremos<br />
os nossos, aqui no Brasil? Quando<br />
os mais <strong>de</strong> 10 mil espaços para eventos no<br />
Brasil voltarão a receber ativida<strong>de</strong>s? Em<br />
que condições? Com que protocolos? O custo<br />
do atendimento rigoroso <strong>de</strong> protocolos<br />
não po<strong>de</strong> inviabilizar boa parte dos eventos?<br />
Quais serão os critérios para a distensão<br />
da quarentena? As questões são muitas<br />
e as respostas ainda não são <strong>de</strong>finitivas.<br />
O fato é que estamos lidando com algo<br />
inusitado, <strong>de</strong> proporções bíblicas, e ainda<br />
não conseguimos ver claramente as saídas.<br />
E as perguntas continuam: <strong>de</strong>vo moldar<br />
meu negócio totalmente às condições impostas<br />
pela pan<strong>de</strong>mia, a<strong>de</strong>quando espaços<br />
para receber gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas<br />
com segurança, por exemplo?<br />
E se, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> investimento,<br />
<strong>de</strong>scobrem-se caminhos para aplacar a<br />
pan<strong>de</strong>mia e toda a nova estrutura torna-se<br />
dispensável? Depois <strong>de</strong> tanto tempo viven-<br />
do em home office e fazendo interações por<br />
telas, voltaremos a ter interesse em escritórios<br />
ou em contatos presenciais com a<br />
mesma intensida<strong>de</strong> anterior à pan<strong>de</strong>mia?<br />
Pois bem, as respostas não aparecem facilmente.<br />
Mas dá para especular alguns cenários.<br />
E se preparar minimamente para eles.<br />
Por conta da necessida<strong>de</strong> premente, muitos<br />
tiveram <strong>de</strong> acelerar processos que estavam<br />
previstos para meses ou anos à frente, fazendo-os<br />
acontecer em poucas semanas.<br />
Uma percepção inescapável é que nada<br />
será exatamente como antes. Reuniões<br />
funcionais <strong>de</strong>verão continuar sendo preferencialmente<br />
virtuais, evitando <strong>de</strong>slocamentos<br />
e outras <strong>de</strong>spesas.<br />
Por outro lado, os eventos especiais <strong>de</strong>verão<br />
ser ainda mais especiais, fazendo as<br />
experiências presenciais ainda mais ricas<br />
e aguardadas. Serão momentos para esquecer<br />
as telas e as relações frias do Zoom,<br />
Teams e outras plataformas que já se banalizaram<br />
durante a quarentena.<br />
No varejo, espera-se que o conceito omnichannel<br />
seja mais e mais impregnado nas<br />
empresas <strong>de</strong> todos os portes. O sistema click<br />
& pick (compre online e retire no local),<br />
já adotado em diversas re<strong>de</strong>s do varejo,<br />
<strong>de</strong>verá crescer, <strong>de</strong>safiando os varejistas a<br />
provocar tráfego <strong>de</strong> compras em suas lojas<br />
físicas, que <strong>de</strong>verão tornar-se mais pontos<br />
<strong>de</strong> experiências do que meros pontos <strong>de</strong><br />
venda. De qualquer maneira, todas essas<br />
tendências já existiam antes da crise, que<br />
serviu <strong>de</strong> catalisadora da sua efetivação.<br />
Mas a pergunta mais importante <strong>de</strong> todas<br />
é: o consumidor terá ímpeto <strong>de</strong> consumo<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma crise que ameaçou seu<br />
emprego (daqueles que ainda o têm)? Uma<br />
vez liberado o funcionamento dos estabelecimentos<br />
comerciais, os consumidores<br />
voltarão a frequentá-los sem medo? Frequentarão<br />
bares, restaurantes, cinemas e<br />
teatros sem receio?<br />
Os protocolos <strong>de</strong>verão existir e <strong>de</strong>verão<br />
ser respeitados, mas serão suficientes para<br />
tranquilizar a todos? Não tenho as respostas<br />
(e acho que ninguém as tem), mas, muito<br />
além do <strong>de</strong>sdém da pergunta E daí?, espero<br />
que todos nos preocupemos com uma<br />
retomada responsável e no momento certo.<br />
Alexis Thuller Pagliarini é presi<strong>de</strong>nte-executivo da<br />
Ampro (Associação <strong>de</strong> Marketing Promocional)<br />
alexis@ampro.com.br<br />
jornal propmark - <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> 15