08.07.2020 Views

NOREVISTA JULHO 2020

  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

R E P O R T A G E M<br />

riqueza no sentido em que nos permite aceder a<br />

diferentes culturas, entender melhor diferentes<br />

culturas através dessas línguas e até aceder a<br />

diferentes formas de conhecimento e de produção<br />

de conhecimento”, estabelecendo-se assim uma<br />

valiosa oportunidade de aprendizagem. Todavia,<br />

Raquel Matias alerta para o facto de que o estatuto<br />

social que estas populações estrangeiras assumem<br />

na sociedade portuguesa não acarretam o mesmo<br />

peso, reconhecimento e valorização do que as suas<br />

línguas maternas, na medida em que “há línguas<br />

sobre as quais se aufere maior valor em termos<br />

económicos e a nível da economia e da política<br />

internacional como o inglês e o francês e o alemão,<br />

mas há outras línguas que não são valorizadas<br />

da mesma forma pela nossa sociedade e isso tem<br />

implicações na disponibilização de informação”,<br />

que podemos encontrar a vários níveis, no acesso<br />

ao trabalho, no acesso à habitação e no acesso à<br />

saúde, a principal “questão que nos preocupa aqui e<br />

nas escolhas das várias línguas em que poderemos<br />

aceder a essa informação, ou seja, os cidadãos não<br />

estarão de todo no mesmo pé de igualdade para<br />

aceder a essa informação se as suas línguas não<br />

estiverem disponibilizadas”.<br />

No entanto, Raquel Matias arma que a política<br />

de ensino de língua portuguesa para a população<br />

estrangeira, residente em Portugal, “tem sido uma<br />

das prioridades desde há 20 anos para cá, com<br />

políticas nacionais para adultos e para crianças<br />

e jovens que frequentam o sistema de ensino”,<br />

embora se tenha vericado que não tem sido<br />

acessível de igual forma a todas as populações,<br />

sendo que as mais vulneráveis em termos de<br />

precariedade no mercado de trabalho, necessidades<br />

de regularização e exercícios dos seus direitos e<br />

também de baixos níveis de escolaridade “nem<br />

sempre têm sido aquelas que mais fácil acesso<br />

têm tido aos programas de ensino de língua<br />

portuguesa, o que lhes pode dicultar o exercício<br />

dos seus direitos e a criação de uma autonomia<br />

nanceira face a situações possíveis de maior<br />

precariedade e de exploração”. Com o COVID-19,<br />

arma a socióloga, se as situações de desigualdade<br />

se acentuaram em termos gerais, as desigualdades a<br />

este nível também se acentuaram.<br />

Dentro do contexto da pandemia COVID-19,<br />

Raquel Matias alude a vários estudos que<br />

NOJUL20 23

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!