NOREVISTA JULHO 2020
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R E P O R T A G E M<br />
Rui Coutinho, Vice-presidente do Núcleo dos<br />
Açores da Quercus, que debateu o tema das<br />
Alterações Climáticas, disse que, atendendo à<br />
dimensão e localização do arquipélago, “nós<br />
estamos um pouco expostos a estas alterações”,<br />
lembrando dois aspetos “relevantes”, a água doce<br />
que consumimos é a água das chuvas que vai<br />
alimentar os aquíferos “e que nós pretendemos que<br />
ela seja assegurada ao longo do ano em particular<br />
nas alturas em que as temperaturas são mais<br />
elevadas, em que a sua necessidade é maior” e<br />
que para que tenhamos uma boa recarga aquífera<br />
“é bom que haja uma distribuição relativamente<br />
homogénea, sobretudo nos meses de maior<br />
precipitação, para que essa água se possa inltrar e<br />
alimentar os aquíferos”.<br />
“Uma das coisas que poderá começar a acontecer<br />
com as alterações climáticas é ocorrer fenómenos<br />
mais estranhos, ou seja, nós podemos ter períodos<br />
mais concentrados de chuvas muito intensas que<br />
vão provocar uma erosão muito signicativa e que<br />
vão ter muito maior escorrência do que capacidade<br />
de se inltrar e alimentar os aquíferos. Essa erosão<br />
muito intensa vai afetar os ecossistemas de altitude<br />
onde nós temos uma biodiversidade signicativa,<br />
vamos ter movimentos de vertente, vai haver<br />
uma data de espécies que se podem perder e isto<br />
é um efeito colateral destas pequenas alterações<br />
climáticas que nos transcendem”, alertou.<br />
Rui Coutinho considerou a acidicação dos<br />
oceanos como outro problema. Segundo o mesmo,<br />
o teor de CO2 na atmosfera “tem vindo a aumentar<br />
de uma forma paulatina”, lembrando que, há uns<br />
anos atrás, “tínhamos como limite os 380ppm<br />
(partes por milhão) e neste momento já vamos<br />
nos 415, signica que já passámos esta barreira<br />
de uma forma signicativa”. Uma boa parte deste<br />
CO2 “é absorvido pelos oceanos e esta absorção<br />
por parte destas massas de água contribui para a<br />
sua acidicação”, afetando o ecossistema “de uma<br />
forma muito signicativa, inclusivamente, já há<br />
experiências feitas por exemplo com o toplâncton<br />
que é afetado por essa ação”, para além disso,<br />
“muitos moluscos, muitos bivalves têm carapaças<br />
e conchas de calcite que também poderão vir a ser<br />
afetadas”, portanto, “toda a cadeia alimentar ao<br />
nível dos oceanos pode vir a ser afetada”.<br />
“Por outro lado, o aumento da temperatura<br />
também contribui para a fusão de massas de gelo<br />
que pode contribuir para o aumento do nível<br />
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