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NOREVISTA JULHO 2020

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C R Ó N I C A<br />

Por Ricardo Silva<br />

“Mau Tempo no Canal”, de Vitorino Nemésio<br />

A revista digital Estante, do grupo Fnac convidou, em forma<br />

de desao, nada pequeno, diga-se, em 2016, um júri de cinco<br />

elementos, composto pela jornalista Clara ferreira Alves, o<br />

crítico Pedro Mexia, o professor Carlos Reis, o editor Manuel<br />

Alberto Valente e a jornalista Isabel Lucas, para eleger os<br />

12 melhores livros portugueses dos últimos 100 anos. Os<br />

critérios eram simples e passavam pelo facto dos livros terem<br />

sido publicados a partir de 1 de janeiro de 2016, as obras em<br />

causa serem de cção e podiam estar incluídas edições de<br />

autor. O desao não deve ter sido fácil, mas lá chegaram eles<br />

à lista pretendida onde se inclui Mau Tempo no Canal, do<br />

nosso Vitorino Nemésio. Rero esta escolha como intróito<br />

para dar a dimensão da importância da obra escolhida para a<br />

coluna deste mês. Dela David Mourão Ferreira, como grande<br />

amigo e crítico da obra de Nemésio, descreve-a como “a obra<br />

romanesca mais complexa, mais variada, mais densa e mais<br />

subtil em toda a nossa história literária”. É uma forte armação<br />

que aquele escritor e crítico literário também teve o cuidado de<br />

sustentar. Uma coisa é certa: quando partirmos para a leitura<br />

do Mau Tempo no Canal devemos fazê-lo imbuídos do gosto<br />

de sabermos que não é uma obra de fácil leitura e que exigirá<br />

de nós empenho na compreensão do mundo que nos apresenta.<br />

Aliás, terá sido mesmo esta resistência a uma leitura rápida<br />

ou linear que terá envolvido a obra num longo silêncio da boa<br />

divulgação exigida.<br />

Mau Tempo no Canal demorou cinco anos na sua escrita (1939-<br />

1944) e tem como enredo principal os amores ou o Amor<br />

de Margarida Clark Dumo e João Garcia. Contudo, Vitorino<br />

Nemésio (1901-1976) serve-se deste pano de fundo para pintar<br />

um fresco sobre a sociedade açoriana de inícios do séc. XX, com<br />

raízes num tempo mais fundo, mostrando a sua estraticação,<br />

conservadorismo, diculdades e o sentimento único de ser<br />

ilhéu.<br />

Se calhar já tarde cheguei à sua leitura, mas, talvez, tenha sido o<br />

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