NOREVISTA JULHO 2020
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R E P O R T A G E M<br />
número de espécies, na espécie, hoje em dia, a<br />
biodiversidade vai para além da espécie”, porque<br />
passou-se a entender como biodiversidade “coisas<br />
que antes não eram metidas em conta como a raça,<br />
as variedades, as cultivares, as estirpes. Por outro<br />
lado, noutro extremo, para além da variabilidade<br />
de espécies também já entra na biodiversidade<br />
a própria estrutura dos ecossistemas ou das<br />
comunidades. A presença da mesma espécie em<br />
números diferentes pode tornar os ecossistemas<br />
diferentes, com outro tipo de funcionalidade”,<br />
explicou.<br />
O Presidente da Associação Os Montanheiros<br />
considerou “duas questões fundamentais” quando<br />
se fala em biodiversidade, “a primeira tem a ver<br />
com o facto de que o homem só respeita e só dá<br />
valor àquilo de que tira proveito”, sendo a questão<br />
“qual é o valor da biodiversidade para o homem?”.<br />
Segundo uma pesquisa que o Paulo realizou,<br />
reparou que “em primeiro lugar é dado muito<br />
valor quando a biodiversidade funciona como<br />
uma fonte de recursos, onde o homem vai buscar<br />
alimentos, matérias primas, transforma esse valor<br />
em dinheiro”. Por outro lado, valoriza-a também<br />
quando “vai buscar prazer”, exemplicando com<br />
o caso do turismo de natureza e reservas naturais,<br />
onde é possível, por exemplo “passear e fazer<br />
picnics”.<br />
Para outras pessoas, Paulo Barcelos diz que a<br />
biodiversidade tem uma função “ecológica e<br />
reguladora, ou seja, a Amazónia existe, eu não<br />
preciso de nada do que lá está, eventualmente, não<br />
de forma direta, mas satisfaz-me saber que existe lá<br />
uma oresta que é o pulmão do mundo e que está<br />
a ltrar, está a recuar o clima e que, indiretamente,<br />
eu se calhar vou beneciar com isso. Portanto<br />
nessa função reguladora e ecológica, eu não entro<br />
naqueles habitats, mas sei que eles estão a ser<br />
benécos de alguma maneira. Há também esta<br />
forma de valorizar”, armou.<br />
Há também o valor-potencial da biodiversidade:<br />
“pode não nos interessar nada do que está lá, mas<br />
de repente não sabemos se numa savana africana<br />
existe um réptil que não nos diz nada, mas aquele<br />
réptil pode ter, por exemplo, anticorpos para o<br />
coronavírus e dali fazer-se uma vacina”. Neste tipo<br />
de valor-potencial da natureza, as pessoas atribuem<br />
valor, porque “poderá lá estar alguma coisa que<br />
venha no futuro revelar-se como um valor imenso<br />
para nós”.<br />
Existe também a ética em relação à biodiversidade,<br />
“por exemplo nos Açores algumas pessoas não<br />
conseguem identicar um cagarro, mas se alguém<br />
lhes diz que 85% da população de cagarros nidica<br />
nos Açores e na Madeira, a pessoa, mesmo sem<br />
saber bem de que espécie é que se trata, eticamente<br />
sente-se bem em que a Região faça alguma coisa<br />
em prol desse valor”.<br />
Quanto à moral, a mesma “leva-nos a valorizar a<br />
biodiversidade do ponto de vista que temos que<br />
ser responsáveis em deixar para as gerações futuras<br />
aquilo que recebemos das gerações anteriores”.<br />
Existe ainda a vertente religiosa na biodiversidade,<br />
em que “todas as criaturas foram criadas por Deus<br />
e devem coabitar e coexistir”.<br />
A segunda questão que Paulo Barcelos considerou<br />
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