Edição 24 - Revista Aquaculture Brasil
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Diego Maia Rocha
JUL/SET 2021
Sócio-Diretor Synbiaqua Cultivos Aquáticos
Natal, RN
diegomaiarocha@synbiaqua.com.br
O jogo de Xadrez da Carcinicultura Brasileira:
movimentos, experiências e referências para as
próximas jogadas
Durante um jogo de xadrez, por muitas vezes
nos encontramos encurralados, esperando e
refletindo sobre a jogada do adversário e sobre nossa
própria jogada, traçamos planos, sentimos perdas, mas
com o objetivo sempre de alcançar a vitória.
Contrapondo esse enredo com o presente vivido
pela carcinicultura brasileira, a temática é a mesma, o
produtor de camarão deverá ser realista com a atual
conjuntura de mercado e entender que nesse tabuleiro
a união de todas as peças é importante para alcançar
êxito nos negócios.
Movimentos
Devido aos aumentos de produtividade, ampliações
e novas áreas de produção, a oferta de camarão
(especialmente do camarão fresco), segue crescente.
E o desafio com o escoamento e os baixos preços
de venda, apesar do momento de alta demanda
e abertura do mercado consumidor, tem sido uma
preocupação constante no dia a dia dos carcinicultores.
O perfil de porte de produtores que mais cresce
no Brasil é o micro, seguido pelo pequeno e eventualmente
médio, sejam nos estados de: AL, CE, SE,
PB. E é justamente esse segmento que apresenta uma
maior fragilidade na comercialização do seu produto,
seja pelo pequeno volume de venda ou pela falta
de recurso, desde capital de giro ao processamento.
Na maioria das vezes o produtor não consegue trabalhar
a venda porque já tem vencimentos a pagar e
acaba sendo influenciado a vender por um preço abaixo
do esperado. Além disso, com esse tamanho de
empreendimento, se o produtor for formal tem muitas
dificuldades de operar a fazenda e acaba sendo informal
para tentar sobreviver, essa informalidade acaba sendo
uma das principais razões para a queda de preços.
Outra consideração relevante é que a venda de
camarão fresco não tem capilaridade para avançar
em novos municípios, e temos mais de 5.000, Brasil
adentro, e à medida que a oferta desse tipo de
camarão aumenta, o fluxo de venda fica lento e o
preço não consegue se estabilizar. Em relação a venda
do camarão congelado que seria um equalizador
de preços, não se consegue alcançar ou ultrapassar
30% da produção total de camarão. E as exportações,
apesar de todo esforço, ainda não decolaram.
Com aumento dos insumos, com a inflação
acumulada do ano de 10,27% (até out), segundo IBGE,
fica complicado não olhar para o futuro, sem buscar
alguma estratégia ou melhoria de base para o setor.
Experiências
Em momentos de crise, inspirações podem trazer
idéias, assim sendo, o estado do Paraná tem sido um
grande alento para a Aquicultura Brasileira. Não só
pelos seus números produtivos que, segundo a Peixe
BR, entre 2015 e 2020, saiu de 80.000 para 166.000
toneladas de tilápia - um aumento de 86.000 t e
crescimento de 107,5% no período (15,7% a.a), mas
pela sua organização e planejamento estratégico para
alcançar esse êxito.
É importante destacar que a distribuição significativa
da venda da Tilápia ocorre majoritariamente no mercado
interno, onde muitas vezes discutimos se o Brasil
comporta o aumento da produção de camarão. Certo
que o preço dos produtos são fatores a se considerar,
porém a experiência de organização desse estado, nos
permite vislumbrar um crescimento mais sustentável.
O modelo de cooperativa no PR, permite formalizar
os atores da indústria facilitando acesso ao crédito, e
possibilita destacar pontos fortes na comercialização
dos produtos, seja na rede de logística como na carteira
de valor agregado.
64
PARCEIROS NA 24° ED: