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Edição 24 - Revista Aquaculture Brasil

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ABR/JUN JUL/SET 2021

Juliana Antunes Galvão

Coordenadora do Grupo de Estudos e Extensão em Inovação Tecnológica

e Qualidade do Pescado

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP

Piracicaba - SP

jugalvao@usp.br

Biosegurança e sanidade na aquicultura:

onde estamos e onde queremos chegar?

aquicultura é uma realidade no Brasil!

A O país tem apresentado taxas de crescimento

promissoras no setor aquícola, possui grandes vantagens

quanto a prospecção de novos mercados devido a

sua dimensão continental, disponibilidade dos principais

insumos para a alimentação animal, riqueza de recursos

hídricos, grande variedade de espécies com potencial

de produção e mercado, além de condições climáticas

favoráveis para os cultivos em grande parte do território.

No entanto, no quesito segurança do alimento, as

cadeias produtivas advindas da aquicultura ainda enfrentam

uma série de dificuldades que impedem seu potencial

desenvolvimento de forma efetiva, uma vez que o

pescado pode ser veículo de Doenças Transmitidas por

Alimentos (DTA).

O pescado brasileiro advindo da aquicultura é produzido

em viveiros escavados em terra e em tanques-

-rede instalados em reservatórios de águas públicas ou

particulares, muitos desses ambientes são desprotegidos,

ficando expostos à contaminação ambiental, onde,

as fezes de animais silvestres ou a introdução de rações

contaminadas podem servir de reservatórios naturais

de alguns patógenos e, associados a outros fatores

como: temperatura da água, manejo inadequado potencializando

processos de eutrofização, podem culminar

muitas vezes em contaminação no produto final.

Várias são as bactérias patogênicas que podem ser

veiculadas através do pescado como alimento, trazendo

prejuízos aos consumidores, dentre elas destacam-se:

Escherichia coli, Salmonella spp, Staphylococcus aureus,

Listeria monocitogenes, dentre outras. Se faz necessário

portanto estudo aprofundado no intuito de rastrear as

vias de entrada desses patógenos na cadeia produtiva,

estudando e elencando os perigos e pontos críticos inerentes

a cada patógeno e produto, bem como estabelecer

ações que garantam a segurança dos produtos

oriundos do pescado do campo a mesa.

Dentre os patógenos veiculados através de produtos

de pescado, a salmonelose é uma DTA causada pela

ingestão de células de Salmonella spp., esta bactéria é

um patógeno de grande ocorrência no pescado, ocupando

posição destacada no campo da saúde pública

em todo o mundo pelas suas características de morbidade

e, em particular, pela dificuldade de seu controle.

Mesmo com a escassez de dados epidemiológicos

quanto as DTAs no Brasil, dados coletados apontam

que 42,5% dos surtos alimentares confirmados laboratorialmente

de 1999 a 2009 tiveram como agente

etiológico a Salmonella spp, este patógeno apresenta

grande adaptação fisiológica, o que consequentemente

confere a esta bactéria condições de se desenvolver em

ambientes associados às práticas aquícolas, em que a

produção intensiva dá subsídios ao aumento no risco de

contaminação do ambiente e da matéria prima.

Quando abordamos as DTAs em produtos de pescado,

erroneamente nos vem à mente apenas os problemas

de contaminação dentro das plantas de processamento,

quando na verdade muitas vezes o foco de contaminação

encontra-se no ambiente de produção e vem se perpetuando

nas etapas subsequentes até chegar ao produto

final. Tanque de matrizes, alevinos, e engorda, água de

cultivo, ração, fauna silvestre presente, fauna acompanhante,

materiais utilizados na despesca e recebimento

de pescado na planta de processamento, bem como

equipamentos e superfícies da área suja e área limpa do

processamento devem ser considerados quanto a Análise

de Perigos e Pontos Críticos de Controle ( APPCC).

Se faz necessário investir em avaliações e proposições

voltadas ao desenvolvimento e aperfeiçoamento

de mecanismos e práticas que visem à melhor eficiência

na cadeia produtiva da pescado advindo da aquicultura,

oportunizando desta forma a produção de alimentos

seguros e confiáveis para os consumidores.

A segurança do pescado como alimento é preocupação

mundial, a Agenda 2030 das Nações Unidas,

vem chamando a atenção para este tópico, em especial

os assuntos que versam sobre os Objetivos de

Desenvolvimento Sustentável, listando importantes

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