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Edição 24 - Revista Aquaculture Brasil

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Eduardo Gomes Sanches

Instituto de Pesca/APTA/SAA

Ubatuba, SP

eduardo.sanches2005@gmail.com

JUL/SET 2021

Capturar ou criar?

produção em cativeiro de peixes ornamentais de

A água doce já está bem consolidada, conseguindo

disponibilizar ao mercado expressivas quantidades de

diferentes espécies e variedades. O extrativismo de peixes

ornamentais de água doce responde por menos de 10%

das espécies comercializadas, sendo restrito a espécies

que ainda não foi possível viabilizar a produção em larga

escala e/ou espécies que os valores praticados pelo

extrativismo ainda não viabilizam a produção em cativeiro.

Por outro lado, para os peixes ornamentais marinhos,

a situação é muito diferente!!! Poucas espécies

têm a tecnologia de produção em cativeiro dominada,

que possa permitir produção em larga escala com custos

viáveis para atender o mercado. Muitas espécies

ainda só apresentam resultados razoáveis em ambiente

de pesquisa e para a grande maioria das espécies restantes,

de interesse dos aquaristas, a tecnologia ainda

está distante em proporcionar viabilidade econômica

para a produção.

Muitas instituições de pesquisa vêm trabalhando no

desenvolvimento destas tecnologias, que possam permitir

a substituição do extrativismo pela criação em cativeiro.

Infelizmente, entretanto, nos dias atuais, mais de

90% das espécies de peixes ornamentais marinhos ainda

dependem da extração nos ambientes de recifes de

corais. Considerando a fragilidade destes ecossistemas

e as ameaças (aquecimento global, poluição, turismo

desordenado) que os recifes de corais vêm sofrendo, o

extrativismo de determinadas espécies de peixes ornamentais

nestes ambientes só agrava a situação.

Como proteger os recifes de corais e contribuir

para a sustentabilidade do hobby de manter peixes

ornamentais marinhos em aquários? Este seria um assunto

extenso, mas aqui nesta coluna, para focarmos

apenas em uma pequena face do prisma, vamos escrever

um pouco sobre experiências de sucesso que estão

acontecendo no Brasil.

Vocês sabiam que uma pequena empresa no estado

de São Paulo, mais de 100 km longe do mar, vem tendo

sucesso na reprodução de peixes ornamentais marinhos

de recifes de corais? Tive o prazer de conhecer o

trabalho do Flávio e do Adilson, da Biomarine. Trata-se

de uma dupla empolgante, que na base da “paixão, empenho

e muito trabalho” vem obtendo sucesso com

espécies emblemáticas como o peixe mandarim (Synchiropus

splendidus) e mais recentemente com o anthias

cauda de lira (Pseudanthias squamipinnis). Estamos escrevendo

um artigo técnico, que deve ser publicado

em breve na Aquaculture Brasil, sobre estes esforços.

A Biomarine tem conseguido comprovar que a

criação em cativeiro de espécies de peixes ornamentais

marinhos traz uma série de vantagens. Estima-se

que, em média, ocorra mortalidade de até 60% dos

exemplares capturados nos diferentes elos da cadeia

de comercialização (captura, transporte, embalagem,

quarentena etc.). Ou seja, um enorme impacto para

os recifes de corais e um péssimo resultado para todos

os atores envolvidos, pincipalmente para o aquarista,

que financia este desperdício. A Biomarine vem

trazendo uma alternativa a tudo isto, produzindo e

entregando nas lojas de aquarismo exemplares saudáveis,

adaptados aos aquários, aceitando dieta inerte e

ainda trazendo o “atestado” de inovação tecnológica e

produção sustentável.

Existem outras empresas no Brasil, mas principalmente

no exterior, que já estão atentas a esta oportunidade

e vem trabalhando no desenvolvimento de

tecnologia para produção em larga escala de espécies

de peixes ornamentais marinhos. Neste sentido, parece

que nosso tema “Capturar ou criar ?” já vem sendo

respondido. Muitos desafios ainda estão no caminho

destes inovadores entusiastas. Certamente, entretanto,

o caminho está sendo trilhado e trará significativas contribuições,

tanto para a geração de empregos e renda

como também para contribuir na conservação dos recifes

de corais.

Ampliar a sustentabilidade do aquarismo, notadamente

o de espécies de água salgada é um grande desafio.

Muito ainda precisa ser realizado, desde o desenvolvimento

tecnológico até a maior conscientização dos

aquaristas e dos lojistas. Inicialmente, o peixe produzido

em cativeiro será mais caro ao consumidor do que o

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PARCEIROS NA 24° ED:

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