Gestãode ResíduosIvã Guidini LopesDoutor em AquiculturaPesquisador na Ingredient Odyssey - EntoGreenSantarém, Portugalivanguid@gmail.comJUL/SET 2021COP26 e a gestão de resíduos: vamos fazerparte da mudança?No último mês de novembroaconteceua Conferência das NaçõesUnidas sobre MudançaClimática (COP26), emGlasgow na Escócia, sobo lema “Unindo o mundopara enfrentar as mudançasclimáticas”. Com o objetivode intensificar a ação a nívelmundial para mitigar acrise climática, este grandeevento causou certa agitaçãopelo mundo afora,trazendo reflexões importantessobre os impactosque nós seres humanos enossas ações causam noambiente. É sobre esseassunto que vamos tratarneste artigo da coluna Gestãode Resíduos. Afinal, osresíduos orgânicos e suagestão tem tudo a ver com o meio ambiente.Uma das discussões mais importantes feitas naCOP26 estava relacionada ao Acordo de Paris e o objetivode reduzir emissões de gases de efeito estufa empelo menos 55% até 2030. Para isso, diversas açõesdevem ser tomadas a nível global, considerando semprenossas ações pessoais, mas principalmente as açõesem conjunto, organizadas. Sempre podemos estimularas pessoas a separarem e reciclarem seus resíduos, reaproveitaremmateriais e evitar o desperdício, além detomarem outras ações individuais como forma de colaborarcom o panorama global dos impactos ambientais.No entanto, as mudanças mais significativas acontecemquando grandes atores, como empresas e setores produtivoscomo um todo, decidem participar da mudançaefetivamente.Segundo o último relatório da FAO sobre a pescae aquicultura (acesse o conteúdo clicando neste link),é estimado que 35% do total de pescados produzidosmundialmente são descartados como resíduos, ou seja,mais de 62 milhões de toneladas. Para os leitores quetêm acompanhado os últimos artigos desta coluna, jádeve ser fácil perceber que isso representa uma grandeperda econômica (pelos investimentos feitos) e tambémambiental (pela geração de gases de efeito estufa e contaminações),pois grande parte desses resíduos são descartadosde forma inadequada no Brasil e no mundo.Portanto, tendo em mente os objetivos estabelecidos naCOP26 e a urgente necessidade de fazermos parte damudança, essa gestão de resíduos pode ser um caminho.Independentemente da maneira que você escolhergerir os resíduos gerados em sua produção aquícola,seja pela compostagem, pela produção de silagens, farinhas,pelo tratamento com larvas de insetos, digestãoanaeróbia e assim por diante, os impactos causadospelo tratamento sempre serão menores do que o descartedos resíduos no meio ambiente. Mas o objetivodeste artigo não é propor a gestão de resíduos de formaindividual, mas sim em conjunto, para que possamosrealmente fazer a diferença.Assim, deixo aqui um apelo à urgente necessidadede nos organizarmos como setor produtivo em questões-chavepara o desenvolvimento mais sustentávelda aquicultura brasileira, como a gestão dos resíduosque geramos. Com a mobilização de grandes atores dacadeia produtiva e sua integração com pequenos produtores,universidades, entidades públicas e tomadoresde decisão, será possível estimular ações efetivas paraa mitigação dos impactos negativos causados pela aquiculturabrasileira, alinhando esse setor em crescimentono país com os objetivos das ações globais para o clima,como a COP26. Essas ações trazem força ao nosso setorperante o mercado mundial e estimulam ainda maisa procura por produtos nacionais e nosso desenvolvimentoeconômico.84PARCEIROS NA 24° ED:
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