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Lady Killers_ Assassinas Em Série - Tori Telfer

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05. “Modo apropriado”

Havia diversas testemunhas contra Moulay, mas as

mais comoventes eram as crianças esquálidas que

haviam sido encontradas dentro da parede do bordel.

No tribunal, as pessoas ficaram chocadas com sua

magreza, seu pavor animalesco — uma das garotas

começou a gritar quando viu Moulay no tribunal —, mas

o que ninguém esperava era que aquelas crianças, que

tinham visto tudo acontecer através de uma rachadura

na parede, não tivessem nada a dizer. Elas haviam

passado por tanta fome e tantos maus-tratos que mal

conseguiam formar memórias, muito menos recordá-las

e processá-las quando instadas a falar. "Elas mal

conseguiam murmurar, gemiam silenciosamente,

prostradas”, escreveu Colette. Quando indagadas por

que não tentaram fugir, respondiam: "Não pensamos

nisso”, ou "Impossível, estávamos muito fracas”.

Todavia, Colette as viu insensivelmente como "um

rebanho gracioso, mas um rebanho cuja esmagadora e

impenetrável estupidez é totalmente detestável".

É possível perceber, ao ler sobre o julgamento, que aquelas

crianças eram como um quadro-negro apagado por meses

de tortura. Quando foram resgatadas, a mais forte delas não

pesava mais que 32 quilos. “Vítima? Certamente”, escreveu

Colette sobre o único garoto, que tinha treze anos e se

chamava Driss, o qual desfalecia e arfava no banco das

testemunhas. “Contudo, uma vítima sem memória: ele

havia esquecido da masmorra, dos piolhos, da coceira, da

fome, da tortura.”

Moulay demonstrava visível desdém pelas testemunhas

mirins, seus antigos empregados. Ao observá-la, Colette

notou que Moulay não sentia remorso pela maneira como os

havia tratado. Para Moulay, os maus-tratos eram apenas

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