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Lady Killers_ Assassinas Em Série - Tori Telfer

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começavam a definhar, esposas que obtinham benefício

material com cada morte, novos casamentos. O arquétipo

da viúva-negra se tornou tão proeminente que aparece até

mesmo no site do FBI. Muitas de suas características

descrevem bem Alice: a viúva-negra é inteligente,

manipuladora, geralmente mais velha e bastante

organizada; ela lucra com cada morte, trabalha

pacientemente por um longo período e não hesita em matar

aqueles que confiam nela.

Talvez a evidência mais interessante contra Alice seja o

fato de que o seu marido sobrevivente, sir John le Poer,

jamais contestou as acusações contra ela. Na verdade, ele

finalmente começou a suspeitar de sua amada esposa e

remexeu seus pertences até encontrar “um saco cheio de

coisas horríveis e detestáveis”, que entregou a Ledrede.

Naquele verão, Ledrede montou uma enorme fogueira no

centro de Kilkenny e queimou o saco, dizendo aos

espectadores que continha os pós utilizados para envenenar

sir John le Poer, bem como “unhas humanas, cabelos, ervas,

vermes e outras abominações”.

É engraçado o quanto a imperfeição humana é evidente

nesse caso, ainda que seus personagens estejam mortos há

séculos. Ledrede queria provar que Alice, em toda a sua

crueldade e ganância, além de culpada, também não era

humana: uma feiticeira demonófila devoradora de homens.

Então ele a acusou de crimes imateriais, em vez de desafiar

sua mortalidade. E, na verdade, quem poderia culpá-lo? Por

séculos, as pessoas têm feito o mesmo, atribuindo crimes à

magia, à histeria, a visitas noturnas e à loucura, em uma

tentativa de acreditar que ações como as de Alice são

estranhas a nós e que estão completamente fora dos limites

do comportamento humano normal. Mas não estão. No fim

das contas, esse antigo caso simplesmente destaca a

humanidade de todos os que mentiram e feriram em sua

passagem por Kilkenny: o teimoso, hipócrita e presunçoso

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