11.07.2023 Views

Revista eMOBILIDADE+ #03

A revista eMobilidade + Dedica-se, em exclusivo, à mobilidade de pessoas e bens, nos seus vários modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo), conferindo deste modo espaço aos mais proeminentes “stakeholders” do setor, sejam eles indivíduos, empresas, instituições ou entidades académicas.

A revista eMobilidade + Dedica-se, em exclusivo, à mobilidade de pessoas e bens, nos seus vários modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo), conferindo deste modo espaço aos mais proeminentes “stakeholders” do setor, sejam eles indivíduos, empresas, instituições ou entidades académicas.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ENTREVISTA<br />

Acácio Pires<br />

que também é relevante. É preciso<br />

caminhar mais, é preciso, igualmente,<br />

melhor planeamento. Por exemplo,<br />

quando projetamos a linha vermelha do<br />

Metro de Lisboa e não temos interface<br />

com a Linha de Sintra estamos a fazer<br />

algo de errado e não estamos a promover<br />

a intermodalidade e promovemos o<br />

congestionamento da linha de cintura.<br />

Também não promovemos uma adequada<br />

ligação à zona ocidental da cidade.<br />

Os planos de mobilidade urbana<br />

sustentável terão que ser desenvolvidos,<br />

terão que envolver todos os atores<br />

no terreno e reduzirem os tempos de<br />

viagem. Em vez disso, cada modo de<br />

transporte viaja no seu pequeno mundo<br />

VIA FÉRREA<br />

Devemos ter muito mais<br />

camiões sobre carris, em<br />

vez de termos um consumo<br />

desmesurado de combustível<br />

e andam a competir cada um por si.<br />

Devemos poder ir de Lisboa a Freixo<br />

de Espada à Cinta com um só bilhete,<br />

de forma rápida, e uma vez lá chegados<br />

termos um transporte público que<br />

responda à última solicitação e fechar<br />

o espaço vazio. É por isso que reafirmo<br />

que um sistema de transporte público<br />

flexível será a peça-chave.<br />

No caso do transporte rodoviário de<br />

mercadorias, o interface com o modo<br />

ferroviário é igualmente crucial, ao<br />

mesmo tempo que promove economias.<br />

Devemos ter muito mais camiões sobre<br />

carris, em vez de termos um consumo<br />

desmesurado de combustível. A eletrificação<br />

não resolverá tudo. Mas devemos<br />

privilegiá-la, mormente os meios mais<br />

eficientes para percorrer a última milha.<br />

Operadores de gás e o Governo acreditam<br />

que ainda há muito futuro para<br />

o gás, pois que nem tudo é eletrificável.<br />

O biometano e o hidrogénio<br />

verde são os mais falados dos gases<br />

renováveis. Enquanto atentos ao fenómeno,<br />

que opinião formaram?<br />

É uma possibilidade, mas são aplicações<br />

limitadas à existência do biometano,<br />

que existe em grandes quantidades nos<br />

aterros sanitários e ETAR. Onde ele<br />

exista nessas quantidades não vemos<br />

obstáculos à sua utilização, seja na rede<br />

de gás ou no transporte rodoviário pesado.<br />

Desde que não seja muito utilizado<br />

junto aos centros urbanos. É poluente<br />

[o biometano], mas com emissões mais<br />

reduzidas. O ideal será utilizá-lo fora<br />

dos centros urbanos. Esperemos que<br />

haja estratégia nacional para o biometano.<br />

Sempre que possível, combinado<br />

com o hidrogénio verde, na indústria,<br />

onde não seja possível eletrificar.<br />

Onde os combustíveis sintéticos fazem<br />

mais sentido é no transporte aéreo e<br />

marítimo, seja o efuel ou o metanol,<br />

produzidos a partir do hidrogénio<br />

verde, e há um conjunto de empresas<br />

nacionais que se estão a posicionar<br />

nesse sentido, o que é positivo. Convém<br />

que a produção de hidrogénio verde se<br />

realize perto dos locais de maiores emissões<br />

de dióxido de carbono, como as<br />

cimenteiras, ou as indústrias cerâmica e<br />

vidreira. Poderemos ter uma interessante<br />

simbiose industrial, evitando transportes<br />

de longa distância, pois de outra<br />

forma reduz-se a eficiência do processo.<br />

Quanto ao gás natural, esperamos ainda<br />

uma evolução das centrais de ciclo combinado,<br />

através do aumento de potência<br />

Convém que a produção<br />

de hidrogénio verde se<br />

realize perto dos locais<br />

de maiores emissões<br />

de dióxido de carbono,<br />

como as cimenteiras, ou<br />

as indústrias cerâmica e<br />

vidreira<br />

das renováveis, seja a eólica onshore,<br />

também o novo eólico offshore e o solar,<br />

com aumento da capacidade, mas sempre<br />

em solos de qualidade reduzida.<br />

Sus-ten-ta-bi-li-da-de. À boca se cheia<br />

se fala dela. Será que todos sabem do<br />

que se trata, do que verdadeiramente<br />

significa?<br />

Ficaria preocupado se a expressão<br />

fosse utilizada sem o conhecimento do<br />

significado. É importante falar-se dela,<br />

mesmo no discurso político, ou no<br />

marketing empresarial. Até porque as<br />

práticas contrárias começam a ser prejudiciais<br />

às empresas, com consequências<br />

económicas adversas. Para Portugal, se<br />

se tirar partido da revolução tecnológica<br />

será muito positivo, pois se deixarmos<br />

de importar energia e a produzirmos<br />

para as próprias necessidades atrairemos<br />

novas indústrias. Atualmente há um<br />

grande movimento de reindustrialização,<br />

mormente de alguns países que se terciarizaram.<br />

Isto pode conduzir a ganhos<br />

ambientais ao encurtarmos as cadeias<br />

de produção e de consumo. Poderemos<br />

assistir ao regresso da produção do aço e<br />

outras que há muito andaram distantes<br />

do país. Poderemos tirar partido disso<br />

através da produção de energia com custos<br />

mais interessantes. Antes isto do que<br />

exportar energia e importar produtos de<br />

elevado valor acrescentado.”+<br />

C<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

INDEPENDENTE, SEM FINS LUCRATIVOS<br />

A zero, Associação Sistema Terrestre Sustentável, nasceu em finais de 2015, é de<br />

âmbito nacional, sem fins lucrativos e exerce a sua atividade com total independência<br />

relativamente aos partidos políticos, empresas e entidades com fins<br />

lucrativos, associações de natureza confessional e ao governo.<br />

24 e-MOBILIDADE +

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!