edição de 8 de janeiro de 2024
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última página<br />
Alê Oliveira<br />
Stalimir Vieira<br />
é diretor da Base <strong>de</strong> Marketing<br />
stalimircom@gmail.com<br />
Faça-se necessário<br />
Stalimir Vieira<br />
Costumo repetir, sempre que julgo oportuno, que<br />
o dinheiro não vem quando você precisa <strong>de</strong>le, o<br />
dinheiro vem quando ele precisa <strong>de</strong> você. A ansiosa<br />
busca pelas “novas oportunida<strong>de</strong>s” oferecidas pelo<br />
mercado está levando um monte <strong>de</strong> gente a especializar-se<br />
em tecnologia da informação, <strong>de</strong> modo a se<br />
encaixar nas tantas vagas disponibilizadas.<br />
São profissionais que precisam <strong>de</strong> dinheiro para<br />
sobreviver e, portanto, estão correndo atrás <strong>de</strong>le. E fazendo<br />
um mau negócio. O salário atribuído a algumas<br />
especializações que viraram objeto do interesse <strong>de</strong><br />
milhões <strong>de</strong> pessoas para preencher milhares <strong>de</strong> vagas<br />
costuma ser baixo.<br />
Afinal, trata-se <strong>de</strong> uma oferta <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra que<br />
não para <strong>de</strong> crescer, através da formação massiva <strong>de</strong><br />
técnicos com atribuições complementares e secundárias.<br />
E a criação, como vai? Lembro que, em palestras<br />
para estudantes, costumava alertá-los <strong>de</strong> que, ao completarem<br />
seus cursos, a gran<strong>de</strong> maioria receberia na<br />
testa um carimbo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempregado.<br />
Ou seja, se tornava um candidato a ganhar pouco.<br />
Sim, todo <strong>de</strong>sempregado representa, em primeiro lugar,<br />
uma oportunida<strong>de</strong> para um empregador pagar pouco.<br />
Estavam, então, no curso errado, me perguntavam.<br />
Não, não estavam no curso errado, estavam era usando<br />
um jeito errado <strong>de</strong> encarar o curso que faziam.<br />
Buscavam fazer do curso, uma condição para correr<br />
atrás do dinheiro das vagas oferecidas, quando <strong>de</strong>veriam<br />
fazer do curso uma condição para se tornarem necessários<br />
para as vagas que não estavam sendo oferecidas.<br />
Sim, aquelas vagas em que, em vez <strong>de</strong> você correr<br />
atrás do dinheiro, o dinheiro é que corre atrás <strong>de</strong> você.<br />
Dificilmente vagas importantes são anunciadas,<br />
embora elas estejam permanentemente abertas. Aliás,<br />
quanto melhor uma vaga, mais disponível, intrinsicamente,<br />
ela é. Não <strong>de</strong>vemos, portanto, buscar, primariamente,<br />
na nossa formação, uma capacitação para preencher<br />
vagas que o mercado <strong>de</strong>manda em quantida<strong>de</strong>, os<br />
chamados empregos.<br />
Mas, sim, cuidar <strong>de</strong> nos capacitarmos para resolver<br />
problemas estruturais inerentes ao cerne do negócio.<br />
Não é perguntando se tem vaga que nos habilitamos<br />
para que o dinheiro corra atrás <strong>de</strong> nós.<br />
Isso, no máximo, vai nos arranjar um empreguinho<br />
mal pago. A pergunta <strong>de</strong>saforada, a que poucos se ocupam<br />
em ganhar autorida<strong>de</strong> para fazer, é “aqui tem problema?”.<br />
Claro que tem. Toda empresa tem problemas.<br />
E o maior <strong>de</strong>les é achar que não tem problemas. Talvez<br />
resida aí a sua maior chance <strong>de</strong> ocupar uma vaga<br />
que preste, a chance <strong>de</strong> criar um problema que o negócio<br />
não tem. Certamente um problema a que ninguém<br />
melhor do que você estará em condições <strong>de</strong> resolver.<br />
Estudar tecnologia é importante, claro, principalmente<br />
para <strong>de</strong>mandar os técnicos com clareza. Mas o que faz<br />
a diferença é estudar os negócios, sob a perspectiva da<br />
filosofia.<br />
Todo negócio tem, como sustentação, uma proposta<br />
filosófica. Se você for capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>cifrá-la e contrastá-la<br />
com as circunstâncias filosóficas do mercado, no mínimo,<br />
você será capaz <strong>de</strong> elaborar soluções originais.<br />
A maioria das empresas costuma ter práticas medíocres.<br />
É isso o que eu chamo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mercado,<br />
as vagas perenes para quem se <strong>de</strong>dicou a ficar acima<br />
da média. E que não está atrás das vagas oferecidas para<br />
quem vive na “correria”.<br />
“Todo negócio tem,<br />
como sustentação,<br />
uma proposta<br />
filosófica”<br />
38 8 <strong>de</strong> <strong>janeiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2024</strong> - jornal propmark