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edição de 26 de fevereiro de 2024

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negócios &<br />

sustentabilida<strong>de</strong><br />

Alê Oliveira<br />

Descarbonização:<br />

uma necessida<strong>de</strong> ou<br />

estratégia <strong>de</strong> negócios?<br />

Ricardo Esturaro<br />

é escritor, administrador <strong>de</strong> empresas<br />

e especialista em marketing, estratégia<br />

e sustentabilida<strong>de</strong><br />

ricardo@esturaro.com<br />

Ricardo Esturaro<br />

Todo início <strong>de</strong> ano, quando o mundo corporativo<br />

se reúne em Davos para o Fórum Econômico<br />

Mundial e o Relatório Anual <strong>de</strong> Riscos Globais<br />

é divulgado, as discussões sobre as mudanças climáticas<br />

e seus impactos no mundo dos negócios<br />

ganham <strong>de</strong>staque. Esse relatório tem alertado repetidamente<br />

sobre os crescentes riscos relacionados<br />

às mudanças climáticas, representando um <strong>de</strong>safio<br />

significativo para as operações empresariais a curto<br />

e longo prazo.<br />

Neste contexto, as empresas se veem cada vez mais<br />

pressionadas a <strong>de</strong>scarbonizar suas operações. Os <strong>de</strong>safios<br />

são diversos e vão além do aspecto financeiro e<br />

adoção <strong>de</strong> novas tecnologias, <strong>de</strong>mandando, sobretudo,<br />

investimentos em capital humano para implantar essas<br />

mudanças e compreen<strong>de</strong>r um ambiente <strong>de</strong> negócios<br />

cada vez mais complexo. Acompanhar <strong>de</strong> perto as<br />

mudanças nas políticas fiscais e nas regulamentações<br />

ambientais, tanto em âmbito nacional quanto internacional,<br />

é crucial, assim como estar atento à evolução<br />

das discussões políticas sobre o clima, às negociações<br />

internacionais sobre acordos climáticos e às iniciativas<br />

<strong>de</strong> cooperação entre governos e setor privado para promover<br />

a sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

Outra chave para enfrentar os riscos climáticos está<br />

na incorporação da sustentabilida<strong>de</strong> em todas as áreas<br />

da empresa - uma realida<strong>de</strong> distante para muitas organizações.<br />

Os riscos tributários e financeiros <strong>de</strong>vem servir<br />

como motivação para esse movimento, uma vez que nenhum<br />

negócio <strong>de</strong>seja enfrentar penalida<strong>de</strong>s financeiras<br />

significativas. O <strong>de</strong>safio tributário é particularmente evi<strong>de</strong>nte<br />

no Brasil, que, apesar da reforma em curso, continua<br />

a ter um cenário complexo e <strong>de</strong>safiador em termos<br />

fiscais e políticos, e não será diferente em relação às<br />

questões tributárias ver<strong>de</strong>s.<br />

Um exemplo da complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse assunto é observado<br />

no movimento do comércio internacional em<br />

direção à redução das emissões <strong>de</strong> carbono, o qual vai<br />

impactar as exportações brasileiras. A União Europeia,<br />

por exemplo, já aprovou legislações que incentivam produtos<br />

<strong>de</strong> baixa emissão e penalizam os mais poluentes,<br />

sobretaxando os intensivos em carbono e originários<br />

<strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>smatadas, como o caso do Mecanismo <strong>de</strong><br />

Ajuste Fronteiriço <strong>de</strong> Carbono (CBAM). Os importadores<br />

europeus vão precisar apresentar relatórios <strong>de</strong> todas<br />

as emissões geradas no processo produtivo <strong>de</strong> bens inicialmente<br />

cobertos pelo CBAM, como ferro, aço, cimento,<br />

alumínio, fertilizantes, eletricida<strong>de</strong> e hidrogênio, afetando<br />

diretamente as operações dos exportadores brasileiros<br />

nesses setores.<br />

Segundo o relatório ‘Net Zero Stocktake’ <strong>de</strong> 2023, 929<br />

das 2.000 maiores empresas <strong>de</strong> capital aberto do mundo<br />

já estabeleceram metas para zerar suas emissões.<br />

A pressão exercida por esse movimento nas operações<br />

locais e na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong>ssas gran<strong>de</strong>s empresas<br />

é evi<strong>de</strong>nte. Um exemplo concreto é o da re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

supermercados britânica Tesco, que começou a abordar<br />

o problema do <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> embalagens com seus fornecedores.<br />

Durante uma reunião, o CEO Dave Lewis alertou<br />

que eles po<strong>de</strong>riam per<strong>de</strong>r espaço nas prateleiras da<br />

re<strong>de</strong> caso não resolvessem esse problema.<br />

A gran<strong>de</strong> questão é se as empresas brasileiras estão<br />

se preparando para reduzir a pegada <strong>de</strong> carbono em<br />

suas operações. Apesar <strong>de</strong> todos os alertas e dos riscos,<br />

muitas empresas estão adiando ao máximo esse movimento.<br />

Contudo, a hora da <strong>de</strong>scarbonização chegou e<br />

as empresas que não se adaptarem correm o risco <strong>de</strong><br />

ficarem para trás. É preciso agir agora e preparar suas<br />

equipes, não apenas por uma questão <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

ambiental, mas também como uma estratégia inteligente<br />

para garantir a sustentabilida<strong>de</strong> dos negócios<br />

no longo prazo.<br />

“A hora da<br />

<strong>de</strong>scarbonização<br />

chegou e as<br />

empresas que<br />

não se adaptarem<br />

correm o risco <strong>de</strong><br />

ficarem para trás”<br />

28 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2024</strong> - jornal propmark

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