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edição de 26 de fevereiro de 2024

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we<br />

mkt<br />

No negócio <strong>de</strong><br />

automóveis, a virtu<strong>de</strong><br />

segue no meio?<br />

“Consegui meu equilíbrio<br />

cortejando a insanida<strong>de</strong>”.<br />

Renato Russo<br />

Alê Oliveira<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

Segundo o filósofo Aristóteles, “Virtus in medium<br />

est”. Complementado por Confuncio que repetiu,<br />

sim, “A virtu<strong>de</strong> está no meio. Quem o ultrapassa<br />

não logra mais que os infelizes privados <strong>de</strong> alcançá-<br />

-lo...”. Ou sintetizado no provérbio português, “Nem<br />

tanto ao mar, nem tanto à terra”. Números e estatísticas<br />

confirmam e é o que vai prevalecendo. Nem só<br />

elétricos, nem só combustíveis fósseis. As pessoas vão<br />

preferindo as virtu<strong>de</strong>s das duas alternativas. E assim,<br />

os híbridos tomam a dianteira.<br />

Aparentemente, já cruzamos a linha da tal da síndrome<br />

<strong>de</strong> experimentação. Que mais que cansou <strong>de</strong> acontecer<br />

com milhares <strong>de</strong> produtos em seus lançamentos.<br />

Entre 5% e 10% das pessoas, não resistem aos apelos e<br />

tentação da novida<strong>de</strong>. E colocam-se na fila para serem<br />

os primeiros a comprar, experimentar, ter. Os tais novida<strong>de</strong>iros.<br />

E foi o que aconteceu com os elétricos. Passando<br />

a sensação que o futuro eram os elétricos, e isso era<br />

fato consumado. Não só não era como a outra síndrome,<br />

a do arrependimento, vai batendo nos chamados first<br />

movers, os primeiros a comprar.<br />

Um dia Al Ries e Jack Trout erraram bisonhamente. Na<br />

primeira das “22 leis consagradas do marketing”, afirmaram:<br />

“Mais vale ser o primeiro do que o melhor”. Errado, o<br />

primeiro mandamento, escrito corretamente e mais que<br />

validado pela realida<strong>de</strong>, é: “É bom ser o primeiro, mas é<br />

melhor sempre ser o melhor”.<br />

E, pelos dados, estatísticas, manifestações <strong>de</strong> aprovação<br />

dos que experimentaram as novida<strong>de</strong>s, a virtu<strong>de</strong><br />

está no meio, leia-se, híbridos! E agora, os números vão<br />

comprovando. Por sinal, híbridos que chegaram ao mercado<br />

há mais <strong>de</strong> 100 anos...<br />

No legendário Salão <strong>de</strong> Paris, do ano <strong>de</strong> 1901, ele,<br />

o genial Ferdinand Porsche, em parceria com a empresa<br />

americana Lohner, causou sensação com o mo<strong>de</strong>lo<br />

Semper Vivus – com dois motores elétricos embutidos<br />

nas rodas dianteiras. Um motor central conectado pela<br />

embreagem a um motor a combustão que movimentava<br />

as rodas...<br />

Antes da virada do milênio, estava em New York City,<br />

quando vi o Prius da Toyota pela primeira vez. Causando<br />

um frisson monumental em todas as pessoas que<br />

tiveram acesso à novida<strong>de</strong>. Em 2003, o Prius ganha sua<br />

segunda versão e, finalmente, aprovado e consagrado,<br />

ganha o título <strong>de</strong> Carro do Ano na Europa em 2005, e<br />

passa a ser fabricado, além do Japão, na China e nos<br />

EUA. Mas, vamos aos números... Conforme matéria<br />

do The New York Times <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> janeiro, assinada por<br />

Lawrence Ulrich, “Hybrid cars enjoy a renaissance as<br />

All-Eletric Sales Slow” – Híbridos renascem e elétricos<br />

caem nas vendas...<br />

Nos primeiros anos, e alimentando o apetite dos que<br />

sofrem da síndrome <strong>de</strong> experimentação, Tesla e <strong>de</strong>mais<br />

elétricos ocuparam a cena. Enquanto o pioneiro das últimas<br />

décadas, via suas vendas <strong>de</strong>spencarem, o Prius.<br />

Agora, nos últimos anos, uma nova realida<strong>de</strong>. Mesmo<br />

tendo comprado 1,2 milhão <strong>de</strong> veículos elétricos em<br />

2023, com um aumento <strong>de</strong> 46% nas vendas, e participação<br />

<strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> 7,6%, a gran<strong>de</strong> surpresa foi a performance<br />

dos híbridos, que cresceram em vendas em 65%,<br />

ultrapassaram os elétricos, aumentando a participação<br />

<strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> 5,5% para 8,0%.<br />

Nos comentários sobre os acontecimentos diferentes<br />

razões e motivos. Mas, esqueceram-se da principal.<br />

Terminada a tal da síndrome <strong>de</strong> experimentação, a compulsão<br />

dos que não resistem a uma novida<strong>de</strong>, estamos<br />

ingressando em velocida<strong>de</strong> cruzeiro. Reencontro com a<br />

realida<strong>de</strong>.<br />

Na manifestação dos chamados especialistas, o<br />

preço permanece como a maior barreira dos elétricos,<br />

seguido pelas dificulda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>safios da recarga, e resistências<br />

culturais outras.<br />

De verda<strong>de</strong>, verda<strong>de</strong> mesmo, todo o contingente <strong>de</strong><br />

novida<strong>de</strong>iros mais que matou sua curiosida<strong>de</strong>, e a gran<strong>de</strong><br />

maioria das pessoas e famílias que ainda ou querem,<br />

ou precisam <strong>de</strong> um automóvel, <strong>de</strong>cidiu dar um tempo...<br />

Enquanto isso, e para alinharem-se junto aos consumidores<br />

conscientes e responsáveis, conformam-se com<br />

os híbridos. E a produção dos elétricos, <strong>de</strong>spenca...<br />

Assim, e por enquanto, Aristóteles vai prevalecendo:<br />

“Virtus in medium est...”.<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

fmadia@madiamm.com.br<br />

32 <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2024</strong> - jornal propmark

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