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Francisco Klörs Werneck <strong>Jesus</strong> dos <strong>13</strong> aos <strong>30</strong> Anos<br />
Annie Besant foi uma simpática e ilustre senhora inglesa que, maravilhada com a Teosofia,<br />
fixou residência na Índia e foi mãe adotiva do filósofo Krishnamurti.<br />
De sua obra supracitada, extraímos o seguinte trecho do capítulo IV - O Cristo Histórico<br />
- que condiz com o ponto de vista teosófico sobre o assunto, isto é, a iniciação <strong>Jesus</strong> e a encarnação<br />
terrena do Cristo. Ei-lo:<br />
Os anais ocultos confirmam, em parte, a narração dos. Evangelhos e em parte não. Mostramnos<br />
a vida de <strong>Jesus</strong> e deste modo nos facilitam o separá-la dos mitos que estão com ela<br />
entrelaçados.<br />
O menino, cujo nome judeu foi transformado em <strong>Jesus</strong>, nasceu na Palestina 105 anos<br />
antes de nossa era, sendo cônsules Públio Rutilo Rufo e Gnae Mallio Máximo. Seus pais,<br />
de ilustre origem, ainda que pobres, o educaram no conhecimento das escrituras hebréias,<br />
mas sua fervorosa devoção e sua gravidade, que não condiziam com a sua idade, fizeram<br />
com que eles o destinassem à vida religiosa e ascética e, como depois, em uma visita que<br />
fez a Jerusalém, mostrasse sua extraordinária inteligência e seu afã de saber, indo em<br />
busca dos doutores do templo, o enviaram para adquirir ensinamentos em uma comunidade<br />
de essênios que habitava o deserto meridional de Judéia. Na idade de dezenove anos<br />
entrou para o mosteiro essênio situado nas proximidades do Monte Serbal, instituto muito<br />
visitado pelos sábios que da Pérsia e da Índia iam para o Egito e onde existia uma magnífica<br />
biblioteca de obras ocultas, muitas das quais idas de regiões mais além do Himalaia. Desse<br />
lugar de místico saber, passou mais tarde ao Egito.<br />
Havia sido plenamente instruído nas doutrinas secretas que constituíam entre os essênios<br />
a verdadeira fonte da vida e, no Egito, foi iniciado como discípulo dessa sublime Logia de<br />
onde saem os fundadores de todas as religiões, pois o Egito foi sempre um dos grandes<br />
centros que há no mundo para a guarda dos Mistérios verdadeiros, dos quais são fracos e<br />
incompletos todos os Mistérios semi-públicos. Os Mistérios historicamente classificados de<br />
egípcios eram sombras dos assuntos tratados realmente “na Montanha” e ali foi consagrado<br />
o jovem hebreu de um modo solene que o preparou para o Sacerdote Régio a que chegou<br />
mais tarde. Era sua pureza tão sobre-humana e tão grande sua devoção que, em sua idade<br />
viril, cheia de graça, avantajava de muitos os severos e algo fanáticos ascetas com os quais<br />
havia sido educado, derramando entre os rudes judeus que o cercavam a fragrância de<br />
uma sabedoria suave e terna como um roseiral que, plantado estranhamente em um deserto,<br />
espargisse seu perfume por estéril planície. A majestosa graça e a formosura de linhas<br />
puras formavam em seu redor radiante auréola e suas breves palavras, dóceis e amorosas,<br />
despertavam ainda nos mais duros suave ternura. Assim viveu até os 29 anos de idade,<br />
crescendo de graça em graça.<br />
Com pureza e devoção tão grandes, estava em condições para servir de templo a um Poder<br />
mais elevado, para ser a morada de uma Presença poderosa. Havia chegado a hora de<br />
realizar-se uma das manifestações divinas que de tempo em tempo vêm em auxílio da<br />
humanidade, quando para apressar sua evolução espiritual se necessita de um novo<br />
impulso, quando a aurora de uma nova civilização vai despontar.<br />
Um poderoso “Filho de Deus” devia encarnar na terra um Instrutor supremo “cheio de<br />
graça e de verdade” (S. João, I, 14), mas precisava de um tabernáculo terrestre, uma forma humana,<br />
o corpo de um homem. Quem mais a propósito para ceder seu corpo com vontade e alegria ao<br />
serviço de Um ante o qual os anjos e os homens se curvavam com a mais profunda reverência, que<br />
esse hebreu, o mais nobre e o mais puro entre os “Perfeitos”, cujo corpo e alma imaculados eram<br />
o melhor que a humanidade poderia oferecer? O homem <strong>Jesus</strong> se entregou voluntariamente ao<br />
sacrifício, “ofereceu-se sem mancha” ao Senhor que tomou para si aquela forma pura como<br />
tabernáculo e viveu com ela três anos de vida material.<br />
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