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Francisco Klörs Werneck <strong>Jesus</strong> dos <strong>13</strong> aos <strong>30</strong> Anos<br />
O professor Dupont-Sommer diz, na sua conclusão, que o Mestre galileu parece uma<br />
assombrosa reencarnação do Mestre essênio. A palavra reencarnação é empregada no<br />
sentido figurado. Dando-se-lhe o sentido espírita, chegamos à nova hipótese: o Mestre da<br />
Justiça essênio se reencarnou em <strong>Jesus</strong> para concluir a sua obra. Já sei que a distância é<br />
curta entre a morte do primeiro e o nascimento do segundo, mas, no fim, a hipótese é<br />
possível.<br />
Antes de terminar, desejo assinalar que muitos espiritualistas, como, por exemplo, Edouard<br />
Schuré, situam <strong>Jesus</strong> como pertencente à seita dos Essênios e ele mesmo como essênio.<br />
Sua hipótese não é tão audaciosa assim, já que se descobriram tantas semelhanças entre<br />
as doutrinas essênias e cristãs, e disto não se poderia extrair outra explicação possível.<br />
Os Essênios prepararam um sucessor para o “Mestre da Justiça”, um continuador...<br />
Aqui termina a minha tradução deste longo e interessante artigo que projeta brilhante<br />
luz sobre os Essênios e os seus ensinamentos.<br />
São lógicas e razoáveis as conclusões do professor Dupont-Sommer, da Sorbonne, que<br />
teve uma controvérsia, como diz o articulista, com um jesuíta que penso seja o padre Roland de<br />
Vaux, O.P., que séria obrigado a concluir de acordo com as doutrinas de sua religião.<br />
Acha o articulista, em 1951, que as conclusões do professor não são definitivas pois que<br />
outras fotografias de manuscritos serão publicadas. Sete anos depois, isto é, em 1958, prefaciando<br />
a versão francesa de “Os Essênios e o Cristianismo”, da autoria do rev. Duncan Howlett, antigo<br />
ministro da Primeira Igreja Unitária de Boston, EE. UU. da América, escreve as seguintes linhas<br />
que dão a impressão de que o assunto não foi encerrado ainda:<br />
Eis o essencial: o conjunto dos manuscritos descobertos provém de uma comunidade essênia<br />
que se achava instalada na região de Qumram, comunidade essênia mencionada por Plínio<br />
o antigo; a história do Mestre da Justiça se situa, em grosso, no primeiro terço do primeiro<br />
século antes de <strong>Jesus</strong>- Cristo, um pouco antes da tomada de Jerusalém pelo romano Pompeu,<br />
e a comunidade fundada por ele abandonou Qumram no momento da grande guerra judia<br />
de 66-70 de nossa era, ocultando, então, nas grutas vizinhas, os seus livros sagrados;<br />
esse Mestre que faleceu muito provavelmente durante a perseguição dirigida contra a seita<br />
pelo sacerdote asmoneu, foi uma personalidade eminente, objeto de fervorosa veneração<br />
por parte dos seus fiéis; enfim e sobretudo, os novos textos revelam que a Igreja cristã<br />
primitiva se enraíza, em um grau que ninguém poderia suspeitar, na seita judia essênia,<br />
que esta emprestou àquela uma boa parte da sua organização e dos seus ritos, das suas<br />
doutrinas e dos seus “modelos de pensamento”, do seu ideal místico e moral.<br />
Sobre estas idéias, a despeito de algumas oposições mais ou menos barulhentas, um acordo<br />
cada vez maior começa a se estabelecer entre os mais diversos sábios: como se está longe<br />
da confusão extrema que reinava há ainda quatro ou cinco anos! Certamente, bastantes<br />
problemas ficam ainda em discussão: identificação exata do “Padre ímpio”, data e<br />
significação do “exílio de Damasco”, caráter messiânico do Mestre da justiça ... A estes<br />
diversos problemas e a outros ainda, no estado atual da documentação, ninguém poderia<br />
dar, no momento, uma resposta definitiva; para abordar esses problemas, em toda a sua<br />
amplitude e com todas as garantias científicas, é preciso esperar que tenham sido publicados<br />
todos os textos saídos das grutas de Qumram, esperar também que tenham terminado as<br />
buscas empreendidas na região de Qumram e que todos os resultados delas sejam<br />
inteiramente conhecidos. Até lá não se poderá senão fazer balizas e formular hipóteses<br />
mais ou menos revisáveis. Mas esta prudência necessária nas conclusões não poderá<br />
impedir as pesquisas de se desenvolverem em todos os sentidos; é mesmo grandemente<br />
desejável que as pistas as mais diversas sejam ativamente exploradas, com uma liberdade<br />
total. A obra de D. Howlett, que se recomenda por uma orientação nitidamente histórica e<br />
não menos pela sua serenidade e não menos pela sua serenidade e clareza, contribuirá<br />
muito utilmente para o progresso destas cativantes pesquisas.<br />
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