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Francisco Klörs Werneck <strong>Jesus</strong> dos <strong>13</strong> aos <strong>30</strong> Anos<br />
Nas tradições contidas nos Evangelhos, encontra-se essa época assinalada pelo Batismo<br />
de <strong>Jesus</strong>, quando se viu o Espírito “que desceu do céu como uma pomba e pousou n’Ele” (S. João,<br />
I, 32) e uma voz celestial o proclamou o Filho bem amado a quem os homens deviam prestar<br />
ouvido. E era ele, na verdade, o Filho bem amado a quem o Pai pôs sua complacência (S. Mateus,<br />
111, 17) e desde então “começou <strong>Jesus</strong> a pregar” (S. Mateus, IV, 17) e foi aquele grande mistério:<br />
“Deus se manifestou na carne” (I. Timóteo, 111, 16).<br />
Citamos mais de um autor teosofista, mas, como não mencionamos ainda aquela que é<br />
considerada a fundadora da nova Teosofia Helena Petrovna Blavatsky, que escreveu, entre outros<br />
livros, “Isis sem véu” e “A Doutrina Secreta”, em vários volumes, vamos ver o que diz ela sobre<br />
<strong>Jesus</strong> nas págs. <strong>30</strong>2/3 do seu “Glosário Teosófico”: <strong>Jesus</strong> - Chamado também Cristo ou <strong>Jesus</strong>-<br />
Cristo. É preciso estabelecer uma distinção entre o <strong>Jesus</strong> histórico e o <strong>Jesus</strong> mítico. O primeiro<br />
era essênio e nazareno e foi mensageiro da Grande Fraternidade para pregar os antigos ensinamentos<br />
divinos que deviam ser a base da nova civilização. Pelo espaço de três anos foi Mestre divino dos<br />
homens e percorreu a Palestina, levando uma vida exemplaríssima por sua pureza, compaixão e<br />
amor pela humanidade. Operou multidões de prodígios ressuscitando mortos, curando enfermos,<br />
devolvendo a vista a cegos, fazendo andar paralíticos e realizando muitos outros atos que, pelo seu<br />
caráter extraordinário, foram qualificados de “milagrosos”. A sublimidade de sua doutrina ressalta<br />
sobretudo em seu célebre Sermão da Montanha. Como iniciado que era, ensinou também doutrinas<br />
esotéricas, mas estas as reservava unicamente para uns “poucos”, isto é, para seus discípulos<br />
escolhidos.<br />
Ao <strong>Jesus</strong> histórico foram atribuídos não poucos fatos lendários que o converteram em<br />
outro personagem puramente mítico, uma verdadeira cópia do deus Krishna, tão venerado na<br />
Índia. Para comprovar claramente tal asserção, basta observar um pouco o paralelo que entre<br />
<strong>Jesus</strong> e Krishna é apresentado em “Isis sem Véu”, etc., etc”.<br />
Gostaríamos, e muito, de citar autores não espiritualistas ou ocultistas, mas notamos<br />
que eles não dizem palavra sobre a vida de <strong>Jesus</strong> dos <strong>13</strong> aos <strong>30</strong> anos. Para quem quiser aprofundar<br />
o mistério, que vai ... ao infinito, como diz Steiner, recomendamos as seguintes obras na língua<br />
francesa: de Gustave Dalman, Diretor do Instituto Arqueológico Alemão de Jerusalém: Les itinéraires<br />
de Jésus (Topographie des Évangiles); de R. Bultman, Professor na Universidade de Marburg: Le<br />
Christianisme primitive dans le cadre des religions antiques; de Joseph Klausner, Professor de<br />
Literatura Hebraica na Universidade de Jerusalém: <strong>Jesus</strong> de Nazareth (Son temps - Sa vie - Sa<br />
doctrine); Charles<br />
Guignebert, Professor de História do Cristianismo na Sorbonne: Des prophètes à Jésus,<br />
Jésus, Le Christ e L’Église; e de Maurice Goguel, Decano da Faculdade de Teologia Protestante de<br />
Paris: <strong>Jesus</strong>, La naissance du Christianisme. L’Église primitive e Au seuil de l’Évangile.<br />
Nossos leitores já notaram que um autor escreve Krishna e outros Cristna, bem como<br />
que uns dão 12 anos a <strong>Jesus</strong> na ocasião do encontro no templo e outros <strong>13</strong>, embora incompletos.<br />
São pequenos detalhes que nada alteram. Digo isto (no singular), porque, embora muito tenha lido<br />
sobre <strong>Jesus</strong>, o que ficou ainda em mim, na mente e no coração, foi aquele que conheci em meu<br />
tempo de criança.<br />
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(Trecho do artigo “O Cristo morreu em Kashmyr”,<br />
de Victor de Carvalho, no número de 29-6-1949<br />
do “Correio da Manhã”, do Rio de Janeiro, Brasil)