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Jesus_13-30

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Francisco Klörs Werneck <strong>Jesus</strong> dos <strong>13</strong> aos <strong>30</strong> Anos<br />

Antes do interessante extrato da supracitada reportagem, quero fazer a transcrição de<br />

dois pequenos trechos de “Os manuscritos do Mar Morto”, de John Marco Allegro (Publicações<br />

Europa-América, de Lisboa), para que se compreenda a importância deles e a íntima relação dos<br />

primeiros cristãos com os essênios. Ei-los:<br />

“De resto, à medida que se pode dispor de mais matéria e se fizerem os primeiros exames<br />

rigorosos, cada vez se torna mais evidente que os pergaminhos tinham uma importância enorme,<br />

ultrapassando os mais delirantes sonhos de qualquer investigador. O estudo dos pergaminhos de<br />

1947 já permitira estabelecer um certo número de paralelos com o Novo Testamento. Os que agora<br />

tinham aparecido, bem como o material das grutas descobertas posteriormente, estavam a produzir<br />

modificações, nos textos dos livros, sobre o período das origens do judaísmo e do Cristianismo.<br />

Inclusivamente, os menores eram valiosos, pois havia a oportunidade de os unir a outros num<br />

texto vital que talvez lançasse nova luz ou sobre as expectativas messiânicas dos tempos ou sobre<br />

as concepções teológicas correntes entre esta seita, a respeito do que até ali praticamente nada se<br />

conhecia” (pág. 47).<br />

“O próprio Harding pôde declarar publicamente que se tratava da maior descoberta<br />

arqueológica feita na Palestina e, tendo em conta o fundamental interesse deste período da história<br />

do Homem, parecia haver motivo para assegurar que era o mais importante que jamais se verificara.<br />

Numa palavra: o mundo científico fora acometido pela febre do interesse e do entusiasmo e na<br />

imprensa erudita de todo o mundo sucediam-se os artigos (pág. 48).<br />

Este Harding é o Sr. Gerald Lankester Harding, então encarregado dos interesses<br />

arqueológicos da Palestina árabe e da Transjordânia e ainda companheiro do Padre Roland de<br />

Vaux, O. P., nas buscas de novos manuscritos, que foram achados por diversos, em mais de um<br />

ano e em várias grutas.<br />

No final do livro de Millar Burrows, professor de Teologia Bíblica da Universidade de<br />

Yale, EUA, intitulado “Os documentos do Mar Morto” (Porto Editora Limitada), encontra-se uma<br />

vasta relação de obras e artigos publicados a respeito.<br />

Porém ainda maior é a importância dos manuscritos que pertencem à Bíblia. Estes<br />

contêm as crenças e ritos da comunidade religiosa dona dos rolos: uma comunidade de grande<br />

interesse, que habitava a região do Mar Morto nas vésperas da pregação cristã. Tratava-se de uma<br />

verdadeira ordem monástica na qual se ingressava depois de um ano de apostolado e dois de<br />

noviciado. Os fiéis se distinguiam em leigos e sacerdotes. Estes últimos exerciam os pontos diretivos,<br />

mas as decisões mais importantes provinham do conselho de todos os membros da comunidade.<br />

Entrando no monastério o noviço renunciava à propriedade privada, mas o monastério<br />

possuía certos bens. Foram encontrados dois rolos que continham uma detalhada lista de objetos<br />

preciosos juntamente com a data da entrada. Mal foram decifrados desencadeou-se na Palestina<br />

uma verdadeira caça ao tesouro, sem resultado no entanto. Os monges do Mar Morto estabeleceram<br />

como origem da regra um homem venerável que havia sofrido perseguição devido às idéias próprias.<br />

Infelizmente os manuscritos não revelam seu nome, mas o chamam de Mestre da Justiça. Afirmam<br />

que dois espíritos lutam continuamente pelo domínio do Universo, o espírito do Bem e o espírito<br />

do Mal. No fim o Bem prevalecerá após uma grande batalha que é narrada num manuscrito<br />

denominado “Guerra dos filhos da luz contra os filhos da treva”.<br />

Nossos eremitas certamente não pertenciam aos grupos oficiais e bem descritos nos<br />

Evangelhos como Fariseus e Saduceus, pois esses eram citadinos. Restam os Essênios que residiam<br />

junto ao Mar Morto, possuíam bens comuns, dividiam-se em sacerdotes e leigos e praticavam<br />

banhos rituais descritos nos rolos. Ao lado do hebraísmo urbano, emerge um ascético monastério<br />

insatisfeito com a religião oficial.<br />

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