1-136 - Universidade de Coimbra

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OO nezas procuram a distancia é quasi sempre um meio de refugio. As vezes, não raro, têm de abandonar a terra da sua naturalidade para esconder aos olhos dos visinhos as primeiras faltas. Quando este abandono tem logar, a mulher desconhece, — na totalidade dos casos, o perigo da cidade. Com a simplicidade natural que caracteriza o povo das nossas al- deias, comprehende dificilmente o egoismo que domina a sociedade dos grandes centros, e entra n'elles despreoccupada — na crença de uma felicidade apparente. Quando assiste na cidade já não é um sentimento de paixão que a leva a seduzir- se ; rende-se dominada pelo interesse ao primeiro homem que quer possuil-a com o en- cargo de protegel-a. Primeiro, ainda crê no casamento, e deslumbra-se com a ideia de constituir familia; depois alveja uma pensão que a afaste da miséria; e finalmente lucta n'uma reacção fraca — na profusão das pro- messas que obtém de terceiros até que des- illudida entra no caminho dos interesses. O salario que remunera o trabalho da operaria portugueza e que determina a sua retirada da província, reduz-se a uma men- salidade exiguamente pequena que não lhe
satisfaz os encargos. Se a estes juntarmos as despezas accidentaes, os vicios mais ou me- nos extravagantes, vê-se um deficit. Como o excesso de encargos tem de satisfazer-se e o salario mal chega para obtemperar ás despezas d'uma vida normal, a mulher de- riva a um systema de expedientes fáceis. Depois, o luxo, paixão natural na mulher, aífligindo-a e preoccupando-a constan- temente, cada vez lhe importa mais despezas, originando-lhe crescentes necessidades. Quando se entrega aos individuos que a perseguem obedece, não raro, a um expe- diente d'occasião destinado a deslocar-lhe dificuldades. Consegue retardal-as. Cêdo ou tarde, é abandonada e coagida a refugiar-se na prostituição clandestina. De principio ainda esta é exercida cumulativamente com outras profissões, mas pouco e pouco com a perversão moral vae perdendo o amor pelo trabalho e este é por sua vez abando- nado. Em regra é até impossível exercer a prostituição com qualquer serviço honesto. A mulher torna-se indolente e pregui- çosa. Fatigada por vigílias consecutivas é impotente para o trabalho de qualquer es- pecie: perde a regularidade e a diligencia. Começa por exercer o novo mister ás
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