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Jardim de Alah - Academia Brasileira de Letras

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Presença da França no teatro brasileiro<br />

“drama <strong>de</strong> casaca”, símbolo da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Macedo criou ainda, entre outros<br />

textos, o drama Lusbela, uma das versões brasileiras da personagem Margarida<br />

Gauthier, A Dama das Camélias.<br />

O romancista José <strong>de</strong> Alencar (1829-1877), um dos maiores do Brasil, enfrentou<br />

também o teatro. Depois <strong>de</strong> analisar seus pre<strong>de</strong>cessores, justificou sua<br />

filiação: “Não achando pois na nossa literatura um mo<strong>de</strong>lo, fui buscá-lo no<br />

país mais adiantado em civilização, e cujo espírito tanto se harmoniza com a<br />

socieda<strong>de</strong> brasileira: na França.” E acrescenta: “a escola dramática mais perfeita<br />

que hoje existe é a <strong>de</strong> Molière, aperfeiçoada por Alexandre Dumas Filho, e<br />

<strong>de</strong> que a Question d’Argent é o tipo mais bem acabado e mais completo”. De<br />

acordo com Alencar, “o mestre francês incorporava a naturalida<strong>de</strong> ao teatro”,<br />

o qual passou a reproduzir “a vida da família e da socieda<strong>de</strong>, como um daguerreótipo<br />

moral”. “O jogo <strong>de</strong> cena, como se diz em arte dramática, eis a gran<strong>de</strong> criação<br />

<strong>de</strong> Dumas.” Embora discutível, evi<strong>de</strong>ntemente, o juízo <strong>de</strong> Alencar <strong>de</strong>monstra<br />

sua a<strong>de</strong>são aos valores contemporâneos do palco francês.<br />

Essa a<strong>de</strong>são prossegue em O Crédito, tributário do realismo. E em Asas <strong>de</strong> um<br />

Anjo, assim justificada por Alencar: “Victor Hugo poetizou a perdição na sua<br />

Marion Delorme; A. Dumas Filho enobreceu-a em A Dama das Camélias; eu<br />

moralizei-a n’As Asas <strong>de</strong> um Anjo; o amor, que é a poesia <strong>de</strong> Marion e a regeneração<br />

<strong>de</strong> Margarida, é o martírio <strong>de</strong> Carolina (sua protagonista); eis a única diferença,<br />

não falando do que diz respeito à arte, que existe entre aqueles três tipos”.<br />

O dramaturgo valeu-se ainda, em O Demônio Familiar,<strong>de</strong>O Barbeiro <strong>de</strong> Sevilha,<br />

<strong>de</strong> Beaumarchais. Na peça brasileira, o moleque Pedro diz: “Pedro tem<br />

manha muita, mais que Sr. Figaro.”<br />

Novo exemplo da numerosa <strong>de</strong>scendência <strong>de</strong> A Dama das Camélias no teatro<br />

brasileiro se encontra em História <strong>de</strong> uma Moça Rica, <strong>de</strong> Pinheiro Guimarães<br />

(1831-1877), gran<strong>de</strong> êxito no Rio <strong>de</strong> Janeiro na segunda meta<strong>de</strong> do século<br />

XIX. A epígrafe da peça pertence a Victor Hugo “Oh! n’insultez jamais une<br />

femme qui tombe! / Qui sait sous quel far<strong>de</strong>au la pauvre âme succombe?”<br />

Machado <strong>de</strong> Assis (1839-1908), o maior escritor brasileiro, abraçou na<br />

imprensa a escola do teatro <strong>de</strong> tese, perfilhado na França por Dumas. Mas o<br />

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