16.04.2013 Views

Jardim de Alah - Academia Brasileira de Letras

Jardim de Alah - Academia Brasileira de Letras

Jardim de Alah - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Trajetória e crise das “leituras francesas”<br />

culo XX e com força incoercível a partir do final da Segunda Guerra. A Sociologia,<br />

que nos últimos anos do oitocentos significava nomes como Durkheim,<br />

Tar<strong>de</strong>, Mauss, Le Bon e outros, e que logo a seguir esteve ligada aos nomes alemães<br />

<strong>de</strong> Georg Simmel, Max Weber e Troeltsch, passou a ser, predominantemente,<br />

um assunto <strong>de</strong> autores norte-amercianos: os gran<strong>de</strong>s teóricos da primeira<br />

meta<strong>de</strong> do novecentos, como Parsons e Merton, e também os empíricos, ocupados<br />

com pesquisa social, sociologia urbana e rural e coisas afins. À influência<br />

dos livros junte-se o fato <strong>de</strong> que as universida<strong>de</strong>s brasileiras começaram, no<br />

século XX (décadas 40 e 50), a enviar entusiasticamente jovens professores,<br />

em número que seria crescente, para as universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> língua inglesa, embora<br />

alguns poucos procurassem fazer estudos em Paris, e <strong>de</strong>pois – o que se tornaria<br />

característico – na Alemanha.<br />

Em filosofia, as leituras francesas foram também ce<strong>de</strong>ndo vez às inglesas<br />

– marcadamente norte-americanas –, combinadas com o posterior surgimento<br />

<strong>de</strong> germanistas, vinculados a <strong>de</strong>terminadas fontes e a <strong>de</strong>terminadas<br />

universida<strong>de</strong>s. Anglicistas e germanistas acompanhados, também, pelas<br />

“normas da ABNT”.<br />

Nos anos 60 e 70, a voga dos autores franceses, como Camus e Sartre, aos<br />

quais se seguiriam Foucault e Derrida, ainda resistiu, mas começou a ser posta<br />

<strong>de</strong> lado com a chegada dos autores ingleses e norte-americanos claramente referendados<br />

pelo neoliberalismo.<br />

E então a onda vem sendo crescente: a expansão norte-americana, com o<br />

agigantamento das imagens e das forças a que correspon<strong>de</strong>, veio transformando<br />

a Europa – menos talvez a Inglaterra e a Alemanha – em um grupo <strong>de</strong> pequenos<br />

países que recuam, em <strong>de</strong>fensiva, para permanecer e adaptar-se. Portadores<br />

da velha cultura, os povos do Oci<strong>de</strong>nte que sobrevivem ao processo <strong>de</strong><br />

crise, e que ainda possuem relações históricas com o próprio Oriente, encolhem-se<br />

para viver discutivelmente do turismo. Ou então, para oferecer, em<br />

momentos especiais, valores culturais irreproduzíveis.<br />

Enquanto a vigente influência norte-americana (e, por a<strong>de</strong>rência, inglesa) é,<br />

antes do mais, po<strong>de</strong>rio econômico, completado pelo componente militar e<br />

333

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!