Jardim de Alah - Academia Brasileira de Letras
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José Arthur Rios<br />
senão uma regra superior <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, daí impor o equilíbrio entre ação e<br />
contemplação”.<br />
Tendo vivido intensamente o drama da Action Française, os dois escritores<br />
não podiam ignorar as posições <strong>de</strong> Maritain, na questão, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhara<br />
importante papel. E, seguindo o filósofo, por mais reservas que alimentassem,<br />
por maior que fosse a admiração por Maurras, submeteram-se à con<strong>de</strong>nação<br />
da Igreja. Essas vacilações, também as <strong>de</strong> muitos intelectuais franceses, repontam<br />
numa carta <strong>de</strong> Jackson, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>clara profundamente irritado com a<br />
questão, “sobretudo pela estupi<strong>de</strong>z dos inimigos da Action Française” – afirmação<br />
que certamente muito agradaria a Gustavo Corção, ao Corção <strong>de</strong> 1950,<br />
do Século do Nada. E assinala que Alceu foi das pessoas que parecem ver claro nas<br />
razões da Igreja. 9<br />
Noutra carta <strong>de</strong> 1928, 26 <strong>de</strong> junho, a poucos meses <strong>de</strong> sua trágica morte, o<br />
fundador do Centro Dom Vital falava ao amigo <strong>de</strong> uma releitura <strong>de</strong> outra<br />
obra do pensador francês, o Antimo<strong>de</strong>rne: “No meio <strong>de</strong> tanta agitação, <strong>de</strong> pura<br />
miséria, que beleza a <strong>de</strong>ssa afirmação pura do espírito.” 10<br />
Sempre <strong>de</strong> olhos voltados para a França, não passou <strong>de</strong>spercebida a Alceu a<br />
polêmica acesa em Paris em torno <strong>de</strong> umas páginas <strong>de</strong> Jean Cocteau, do “cabotino”<br />
Jean Cocteau, que prefaciaria o livro <strong>de</strong> um protestante cheio <strong>de</strong> alusões<br />
sexuais. Maritain con<strong>de</strong>nara o livro por in<strong>de</strong>cente e anticristão. Contra o filósofo<br />
sublevou-se toda a elite dos convertidos franceses – Bernanos, Mauriac,<br />
Reverdy, Julien Green, e tutti quanti. Alceu não lera o livro em questão. Soubera<br />
da polêmica por um artigo <strong>de</strong> René Johanet. “Concordo que Cocteau é um fumiste<br />
(sic) e que Maritain tem seguramente razão. Estou naturalmente ao lado <strong>de</strong><br />
Maritain (grifo nosso). Mas o problema é muito vasto, é o terrível problema do<br />
mal e da beleza.” Alceu se <strong>de</strong>clara perplexo entre a crítica <strong>de</strong> Maritaineareação<br />
dos escritores católicos contra a mediocrida<strong>de</strong> água-<strong>de</strong>-flor dos romances<br />
sentimentalói<strong>de</strong>s. O importante é seu juízo sobre o pensador católico: “...Não<br />
9 Correspondência, t. II, p. 37.<br />
10 Correspondência, t. II, p. 182.<br />
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