16.04.2013 Views

Jardim de Alah - Academia Brasileira de Letras

Jardim de Alah - Academia Brasileira de Letras

Jardim de Alah - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

José Arthur Rios<br />

o navio fez escala no Rio, quando Alceu conheceu pessoalmente o filósofo,<br />

primeiro <strong>de</strong> muitos encontros que se repetiriam na França, em Meudon, na residência<br />

do casal, <strong>de</strong>pois em Princeton, Lin<strong>de</strong>n Lane, 26, na casa mo<strong>de</strong>sta tão<br />

bem evocada por Alceu, on<strong>de</strong> Maritain e Raissa foram se abrigar fugindo à<br />

<strong>de</strong>rrocada da França, à tragédia da ocupação alemã. Aí escreveria, em inglês, algumas<br />

obras – Os Direitos do Homem e a Lei Natural (1942), Education at the<br />

Cross-roads (1943), The Twilight of Civilization (1943). Lutava contra “a imaginação”<br />

– escrevia a Charles Journet – “que me mostrava os aviões alemães sobre<br />

Paris e sobre Meudon”. 17<br />

Fugia também à ameaça <strong>de</strong> extermínio à qual se expunha por suas origens<br />

judaicas. Aí viveu os dias agônicos da Guerra Civil Espanhola, as dolorosas cisões<br />

e incompreensões <strong>de</strong> católicos, até <strong>de</strong> alguns amigos que <strong>de</strong>nunciavam<br />

suas atitu<strong>de</strong>s “comunizantes”. Na realida<strong>de</strong>, Maritain censurava Mounier, o<br />

Mounier da revista Esprit, on<strong>de</strong> o filósofo colaborara, por ignorar os massacres<br />

<strong>de</strong> sacerdotes e religiosos praticados pelos stalinistas espanhóis e pelos anarquistas<br />

catalães. 18<br />

Dessas visitas a Maritain, Alceu escreveria, em 1960: “As horas que passei<br />

em Lin<strong>de</strong>n Lane, 26, contarão como das mais gratas da minha vida. [...] Não<br />

po<strong>de</strong> ter havido jamais na terra quem exce<strong>de</strong>sse em plenitu<strong>de</strong> a vida <strong>de</strong>sse casal<br />

perfeito.” 19<br />

Por esse tempo, o meridiano Maritain passava por um velho sobrado da<br />

Praça Quinze, no Rio. Era a se<strong>de</strong> do Centro Dom Vital. Aí um grupo <strong>de</strong> fiéis<br />

cultivava a obra do pensador e o tinha como guia e mestre. Em junho <strong>de</strong> 1946,<br />

A Or<strong>de</strong>m, órgão do Centro, <strong>de</strong>dicava um número inteiro a comemorar o quadragésimo<br />

aniversário da conversão do casal Maritain. O que foi o testemunho<br />

<strong>de</strong> Jacques e Raissa Maritain e <strong>de</strong> Vera Oumançof (irmã <strong>de</strong> Raissa e que<br />

acompanhou o casal), seu testemunho e atuação no mundo cristão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

17<br />

BARRÉ, Jean-Luc, op. cit., p. 429.<br />

18<br />

Ib., p. 439.<br />

19<br />

LIMA, Alceu Amoroso Lima. Companheiros <strong>de</strong> Viagem. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1971, p. 176.<br />

312

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!