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Jardim de Alah - Academia Brasileira de Letras

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José Arthur Rios<br />

“Foi, se bem me lembro, cerca <strong>de</strong> 1925 que Maritain começou a ser conhecido<br />

entre nós. Foi só <strong>de</strong>pois da Guerra que o livro <strong>de</strong> Maritain sobre La Philosopie<br />

bergsonienne revelou à América esse jovem filósofo, ex-aluno do mestre da Evolution<br />

créatrice, cuja obra já circulava por aqui. Esse livro abriu-nos novos horizontes.<br />

Bergson se tornou, para a maioria, uma transição. Alguns se lançaram nos caminhos<br />

do materialismo dialético; outros o aceitavam como filósofo do intuicionismo<br />

vitalista, que correspondia a uma tendência espontânea do temperamento<br />

ibero-americano. Para outros, enfim, a leitura <strong>de</strong> Maritain abria os olhos para a<br />

fé católica e a filosofia tradicional que, até esse momento, lhes parecera, tanto<br />

uma como outra, incompatíveis com o pensamento científico mo<strong>de</strong>rno.<br />

Dez anos, pelo menos, eram passados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tínhamos recebido a revelação<br />

<strong>de</strong>sses primeiros livros. Por esse tempo não era o guia espiritual que nos<br />

interessava. Era o filósofo, o discípulo <strong>de</strong> Bergson, era sua mensagem puramente<br />

intelectual.”<br />

E resumia lucidamente:<br />

“Que lição colhera nossa geração <strong>de</strong> Maritain? Po<strong>de</strong>-se falar <strong>de</strong> uma reconciliação<br />

com a inteligência. O que nos levava a Bergson era a <strong>de</strong>cepção<br />

da razão.<br />

Foi um verda<strong>de</strong>iro renascimento... E, po<strong>de</strong>mos dizer que nossa geração,<br />

neste passo, é <strong>de</strong>vedora, sobretudo, dos ensinamentos <strong>de</strong> Jacques Maritain.<br />

O fenômeno se reproduziu em toda a América Latina... Maritain foi o revelador<br />

da inteligência a uma geração cética, agnóstica ou vitalista.” 13<br />

Jean-Luc Barré, em sua folhuda biografia <strong>de</strong> Maritain, passa muito por alto a<br />

sua estada no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Refere-se apenas a um Centro Jacques Maritain,<br />

fundado no Rio, em 1925, e do qual não temos notícias. Tampouco sabemos,<br />

segundo afirmação <strong>de</strong> Alceu – citado por Jean-Luc Barré, – <strong>de</strong> um possível freio<br />

13 Transcrito <strong>de</strong> BARRÉ, Jean-Luc. Jacques et Raissa Maritain, les Mendiants du Ciel. Paris, 1996, pp.<br />

433-34.<br />

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