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VÁRIOS AUTORES - Projeto de Mão em Mão

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obert louis stevenson<br />

do excessivamente imoral e categórico aos conselhos <strong>de</strong>scuidados<br />

do patrão. Em suma, consi<strong>de</strong>rava que seu <strong>de</strong>ver<br />

tinha três ramicações: aceitar o que viesse, pagar o preço<br />

e <strong>de</strong>sviar os olhos <strong>de</strong> qualquer indício <strong>de</strong> crime.<br />

Numa certa manhã <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro essa política <strong>de</strong> silêncio<br />

foi duramente posta à prova. Fettes passara a noite <strong>em</strong><br />

claro, vítima <strong>de</strong> uma dor <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte lancinante, andando <strong>de</strong><br />

um lado para outro no quarto como uma fera enjaulada<br />

ou jogando-se enfurecido na cama para nalmente cair<br />

naquele sono profundo e incômodo que tantas vezes se<br />

segue a uma noite <strong>de</strong> dor, quando foi <strong>de</strong>spertado pela terceira<br />

ou quarta repetição irritada do sinal convencionado.<br />

Havia um luar tênue e brilhante: fazia um frio cortante,<br />

com vento e geada; a cida<strong>de</strong> ainda não acordara, mas uma<br />

agitação in<strong>de</strong>nível já antecipava o alarido e o trabalho do<br />

dia. Os espectros haviam chegado mais tar<strong>de</strong> que <strong>de</strong> hábito<br />

e pareciam especialmente ansiosos por partir. Fettes,<br />

bêbado <strong>de</strong> sono, iluminou as escadas que levavam ao primeiro<br />

andar. Como <strong>em</strong> sonhos, ouvia vozes resmungando<br />

<strong>em</strong> irlandês; e, enquanto esvaziavam o saco <strong>de</strong> sua triste<br />

mercadoria, dormitava com o ombro apoiado na pare<strong>de</strong>;<br />

foi obrigado a sacudir-se para encontrar o dinheiro dos<br />

homens. Enquanto fazia isso, seus olhos <strong>de</strong>ram com o rosto<br />

morto. Sobressaltou-se; <strong>de</strong>u dois passos adiante, <strong>de</strong> vela<br />

erguida.<br />

“Deus Todo-Po<strong>de</strong>roso!”, exclamou. “É a Jane Galbraith!”<br />

Os homens nada respon<strong>de</strong>ram, mas se aproximaram<br />

da porta arrastando os pés.<br />

“Conheço essa moça, tenho certeza”, continuou Fennes.<br />

“Ont<strong>em</strong> mesmo estava viva e saudável. É impossível<br />

que esteja morta; é impossível que vocês tenham conseguido<br />

seu corpo honestamente.”<br />

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