VÁRIOS AUTORES - Projeto de Mão em Mão
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A Fera – Um caso <strong>de</strong> invectiva<br />
iates reais, partindo <strong>de</strong> Port Victoria e para lá retornando<br />
regularmente. Além disso, é inútil cumprimentar um<br />
monumento com um aceno <strong>de</strong> cabeça. E ele parecia um<br />
monumento. Não falava, não piscava, não se movia. Apenas<br />
cava ali, mantendo a bela e vetusta cabeça erguida,<br />
imóvel, quase como se estivesse ampliada. Era uma cabeça<br />
extr<strong>em</strong>amente elegante. A presença do sr. Stone reduzia<br />
o pobre sr. Jermyn a um miserável esboço <strong>de</strong> hom<strong>em</strong>,<br />
e fazia o <strong>de</strong>sconhecido falastrão do tapete da lareira, <strong>em</strong><br />
seu terno <strong>de</strong> tweed, parecer absurdamente juvenil. Este<br />
último <strong>de</strong>via ter pouco mais <strong>de</strong> trinta anos, e certamente<br />
não era o tipo <strong>de</strong> indivíduo que se envergonha com<br />
o som da própria voz, porque, arrebanhando-me, por<br />
assim dizer, com um olhar amistoso, continuou a falar<br />
s<strong>em</strong> interrupção.<br />
“Fiquei feliz com o fato” repetiu, com ênfase. “Talvez<br />
vocês se surpreendam, mas é que não passaram pela experiência<br />
que tive com ela. Posso armar que foi uma coisa<br />
que me marcou. Claro, saí totalmente in<strong>de</strong>ne, como<br />
po<strong>de</strong>m ver. Ela fez o que po<strong>de</strong> para abater meu ânimo.<br />
Quase joga o melhor sujeito do mundo <strong>em</strong> um hospício.<br />
O que vocês me diz<strong>em</strong> disso – hein?”<br />
N<strong>em</strong> uma pálpebra tr<strong>em</strong>eu no rosto enorme do sr. Stone.<br />
Magníco! O orador me olhou direto nos olhos.<br />
“Eu cava doente só <strong>de</strong> pensar nela solta por aí, assassinando<br />
as pessoas.”<br />
Jermyn aproximou o lenço um pouco mais da guarda<br />
da lareira, e grunhiu. Era simplesmente um hábito que<br />
ele tinha.<br />
“Eu a vi uma vez”, <strong>de</strong>clarou, com pesarosa indiferença.<br />
“Tinha uma casa…”<br />
O <strong>de</strong>sconhecido <strong>de</strong> roupa <strong>de</strong> tweed voltou-se para tá-<br />
-lo, surpreso.