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VÁRIOS AUTORES - Projeto de Mão em Mão

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arthur conan doyle<br />

no sofá e entreguei-me aos <strong>de</strong>vaneios. Devo ter perdido<br />

toda e qualquer noção das horas, porque não tenho l<strong>em</strong>brança<br />

<strong>de</strong> quanto t<strong>em</strong>po permaneci ali sentado, na fronteira<br />

entre a consciência e o sono. Enm, por volta das três<br />

da manhã, ou qu<strong>em</strong> sabe quatro, voltei a mim com um<br />

sobressalto – não só voltei a mim como voltei com todos os<br />

sentidos e nervos apurados. Olhando o aposento envolto<br />

<strong>em</strong> penumbra, não vi nada que justicasse a repentina agitação.<br />

A saleta aconchegante, a janela banhada <strong>de</strong> chuva e<br />

a rústica porta <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira estavam como s<strong>em</strong>pre tinham<br />

estado. Já começava a me convencer <strong>de</strong> que algum sonho<br />

s<strong>em</strong>iformado provocara aquela vaga comoção <strong>em</strong> meus<br />

nervos quando, num átimo <strong>de</strong> segundo, tomei consciência<br />

do que se tratava. Era o ruído – o ruído <strong>de</strong> passos humanos<br />

do lado <strong>de</strong> fora <strong>de</strong> minha solitária morada.<br />

Em que pes<strong>em</strong> a trovoada, a chuva e o vento, ainda<br />

assim escutei o barulho – o barulho surdo <strong>de</strong> uma pisada<br />

furtiva, ora na relva, ora nas pedras – que <strong>de</strong> vez <strong>em</strong><br />

quando parava por completo, <strong>de</strong>pois recomeçava, cada<br />

vez mais perto. Endireitei o corpo, assustado, a escutar o<br />

som fantasmagórico. As passadas pararam b<strong>em</strong> na porta<br />

e foram substituídas por ruídos arfados e resfolegantes <strong>de</strong><br />

qu<strong>em</strong> andara muito e <strong>de</strong>pressa. Apenas a grossura daquela<br />

porta me separava <strong>de</strong>sse sonâmbulo <strong>de</strong> passos leves e respiração<br />

pesada. Não sou nenhum covar<strong>de</strong>, porém a selvageria<br />

daquela noite, o vago aviso que eu recebera e a<br />

proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse estranho visitante me <strong>de</strong>ixaram tão<br />

apreensivo que eu seria incapaz <strong>de</strong> dizer alguma coisa, tão<br />

seca estava minha boca. Estendi a mão, todavia, e agarrei<br />

meu sabre, com os olhos xos na entrada da casinhola. Eu<br />

rezava <strong>em</strong> silêncio para que aquela coisa, ou o que quer que<br />

fosse, batesse na porta, ameaçasse, chamasse meu nome<br />

ou fornecesse alguma pista quanto a seu caráter. Qual-<br />

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