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VÁRIOS AUTORES - Projeto de Mão em Mão

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os fatos no caso do sr. val<strong>de</strong>mar<br />

se alterara <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o dr. F… partira, isto é, ele continuava<br />

na mesma posição; o pulso estava imperceptível,<br />

a respiração era rasa (e só podia ser conrmada<br />

colocando-se um espelho diante <strong>de</strong> seus lábios), os olhos<br />

permaneciam fechados <strong>de</strong> modo natural e os m<strong>em</strong>bros<br />

estavam rígidos e frios como se feitos <strong>de</strong> mármore. Apesar<br />

<strong>de</strong> tudo, sua aparência com certeza não era a <strong>de</strong> um<br />

cadáver.<br />

Chegando perto do sr. Val<strong>de</strong>mar, tentei s<strong>em</strong> gran<strong>de</strong><br />

convicção induzir seu braço direito a acompanhar o meu<br />

nos movimentos que eu executava acima <strong>de</strong> seu corpo.<br />

Em experiências s<strong>em</strong>elhantes com aquele paciente, jamais<br />

conseguira obter um êxito cabal com essa manobra, razão<br />

pela qual não tinha muita esperança <strong>de</strong> fazê-lo agora; no<br />

entanto, para minha imensa surpresa, ainda que <strong>de</strong> modo<br />

débil seu braço prontamente seguiu as or<strong>de</strong>ns dadas pelo<br />

meu. Decidi entabular uma conversação.<br />

“Senhor Val<strong>de</strong>mar”, disse, “o senhor está dormindo?”<br />

Conquanto não respon<strong>de</strong>sse, percebi certo tr<strong>em</strong>or nos<br />

lábios que me incentivou a repetir a pergunta algumas<br />

vezes. Na terceira repetição, um ligeiro estr<strong>em</strong>ecimento<br />

percorreu seu corpo; as pálpebras se abriram o suciente<br />

para mostrar uma linha branca do globo ocular; os lábios<br />

se moveram com diculda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>les escaparam, num sussurro<br />

quase inaudível, as palavras:<br />

“Sim… dormindo agora. Não me acor<strong>de</strong>! Deixe-me<br />

morrer!”<br />

Toquei então <strong>em</strong> seus m<strong>em</strong>bros e veriquei que continuavam<br />

tão rígidos quanto antes. O braço direito mais<br />

uma vez obe<strong>de</strong>ceu às indicações <strong>de</strong> minha mão. Dirigi-me<br />

<strong>de</strong> novo ao paciente:<br />

“O senhor ainda está sentindo dor no peito, senhor Val<strong>de</strong>mar?”<br />

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