O MEU MELHOR NATAL Mário era um menino que adorava jogos. Nesse <strong>Natal</strong> ia pedir uma consola. O <strong>Natal</strong> chegou e uma consola estava embrulha<strong>da</strong> naquele lindo <strong>papel</strong> azul, às riscas, bem enfeitado, <strong>de</strong>baixo do pinheiro. Não tardou a montá-la na televisão, com pressa mas com cui<strong>da</strong>do. A família preparava o jantar e ele aproveitou para jogar um bocadinho. Ligou-a e não <strong>de</strong>u. Tentou tirar a ficha e voltar a pô-la, mas não ligava. Então, <strong>de</strong>u uma pancadinha muito leve e pequenina como uma pena e … estava <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> televisão. Havia dois túneis: um, com uma porta <strong>de</strong> ferro e uma janela <strong>de</strong> vidro, tranca<strong>da</strong>, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> via a sala; a outra, com uma porta <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e ao lado uma chave <strong>de</strong> prata, pendura<strong>da</strong> na pare<strong>de</strong>. Mário estava confuso, até que apareceu um Pai <strong>Natal</strong> digital e disse-lhe: – Escolhe o tutorial ou o nível um. O rapaz assustou-se e o Pai <strong>Natal</strong> ensinou-lhe como se jogava. Abriu a porta com a chave e, mesmo à sua frente, o nível um piscava. Mário avançava com coragem e pensava: “Já que estou preso aqui, mais vale divertir-me.” Entrou na porta <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e o Pai <strong>Natal</strong>, à sua frente, passou-lhe o saco dos brinquedos e foi a voar ao seu lado, com as renas, mas subiu e <strong>de</strong>sapareceu no céu. O menino começou a an<strong>da</strong>r e a procurar os embrulhos escondidos que, automaticamente, eram postos no seu saco e a ver brinquedos que se mexiam à sua frente para ele lhes saltar em cima. A <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> altura, pensou alto: “O que acontecerá se me meter à frente <strong>de</strong>les?” Então experimentou. Pôs-se à frente <strong>de</strong> um carro <strong>de</strong> cor<strong>da</strong>, sentiu uma pequena vibração e uma dor, enquanto piscava. Piscou seis vezes. O contador <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>s marcava apenas nove. Divertido, chegou ao nível cinco e o ecrã marcava o fim do jogo. O Pai <strong>Natal</strong> apareceu e Mário abraçou-o dizendo: – É tão bom vê-lo, mas como saio <strong>da</strong>qui? O Pai <strong>Natal</strong> só sabia respon<strong>de</strong>r: – Quer jogar <strong>de</strong> novo? Mário foi-se abaixo. Sentia-se triste. Enquanto pensava, <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> terra apareceu um comboio que o levou, numa <strong>da</strong>s carruagens, até aos túneis. O comboio <strong>de</strong>sceu e ele lá ficou, novamente, naquele lugar. Apenas num segundo, apareceu um dragão que, com a sua cau<strong>da</strong>, bateu na porta <strong>de</strong> ferro e partiu-a. No segundo seguinte, evaporou-se. Mário sentiu frio, <strong>de</strong>pois calor e então, um gran<strong>de</strong> furacão apareceu e levou-o pela porta parti<strong>da</strong>. A tremer, reparou que estava em casa, com o comando na mão, vendo o Pai <strong>Natal</strong> perguntar se ele queria jogar <strong>de</strong> novo. Desligou a consola e dizia baixinho: – Ain<strong>da</strong> bem que voltei; ain<strong>da</strong> bem que estou vivo; como po<strong>de</strong> aquilo ter sido real?!
A tia chamou-o para comer e lá foi, mantendo a confusão em segredo, sempre sorrindo com um sorriso feliz e maroto naquele que seria, provavelmente, o seu melhor <strong>Natal</strong>. Ana Laura Dengucho nº 1 6ºC