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O Natal da Margarida e da Constança - Pegada-de-papel

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O Pai <strong>Natal</strong> em minha Casa<br />

No <strong>Natal</strong> <strong>de</strong> 2005, eu estava senta<strong>da</strong> ao pé do meu avô e pedi-lhe para me contar uma história<br />

diferente. Então ele começou a contar:<br />

“Há alguns anos atrás, o Pai <strong>Natal</strong> do Sul telefonou-me a dizer que o seu irmão gémeo, o Pai <strong>Natal</strong><br />

do Norte, estava doente e, por isso, precisava <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>. Os brinquedos não estavam acabados nem<br />

embrulhados, como habitualmente, e as crianças iriam ficar muito tristes, sobretudo as que tinham pais<br />

pobres e estavam sempre a contar com a visita do Pai <strong>Natal</strong>.”<br />

Como eu fiquei com cara <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> espanto, o meu avô explicou-me que havia dois irmãos gémeos<br />

que viviam nas Terras Altas <strong>da</strong> Etiópia, on<strong>de</strong> existia a magnífica fábrica <strong>de</strong> brinquedos. Eles tinham<br />

escolhido aquele sítio por ficar mais ou menos a meio <strong>da</strong> Terra, perto <strong>da</strong> linha do Equador, o que facilitava a<br />

entrega dos presentes no <strong>Natal</strong>. Um Pai <strong>Natal</strong> fazia a distribuição no hemisfério norte, o outro no sul. Fiz <strong>de</strong><br />

conta que tinha percebido bem o que o meu avô tinha acabado <strong>de</strong> dizer e acenei com a cabeça, embora<br />

estivesse bastante baralha<strong>da</strong> com aquilo tudo dos dois gémeos e <strong>da</strong> Etiópia que fica em África e não na<br />

Lapónia on<strong>de</strong> eu pensava que o Pai <strong>Natal</strong> vivia; mas, enfim, pedi para continuar a história.<br />

“É claro que não podia abandonar os meus amigos naquela situação. Fiz a mala, apanhei o avião <strong>de</strong><br />

Lisboa para a Etiópia, com <strong>de</strong>stino a Adis Abeba, que é a capital <strong>da</strong>quele país.<br />

Infelizmente, surgiu um imprevisto. Quando saí do aeroporto, chamei um táxi e perguntei se me<br />

podia levar à fábrica dos brinquedos. O taxista riu-se e gozou comigo, dizendo que eu era mais um tanso que<br />

ain<strong>da</strong> acreditava no Pai <strong>Natal</strong>.<br />

Estava <strong>de</strong>sesperado e sentei-me no chão <strong>de</strong> braços cruzados; não havia transporte para as Terras<br />

Altas <strong>da</strong> Etiópia. Ao longe, avistei um burro com um sino ao pescoço que me fez lembrar o Rodolfo. Fui a<br />

correr. O animal, que parecia estar à minha espera, <strong>de</strong>ixou-me montá-lo e começou a an<strong>da</strong>r. Deixei-me guiar<br />

e, em pouco tempo, cheguei à fábrica. Nem queria acreditar!<br />

Bati à porta, porém ninguém a abriu ou respon<strong>de</strong>u. Como estava aberta, empurrei-a e entrei. A<br />

fábrica estava <strong>de</strong>serta e havia um silêncio aterrador, o que me fez pensar que os dois gémeos tinham<br />

adoecido e que não ia haver <strong>Natal</strong> para ninguém, pelo menos como até àquela altura. Mas, atrás <strong>de</strong> mim,<br />

apareceu o meu velho amigo Pai <strong>Natal</strong> do Sul, <strong>de</strong> t-shirt colori<strong>da</strong> e calções às flores. Abraçou-me e<br />

agra<strong>de</strong>ceu-me imenso por ter ido. Convidou-me para almoçar no rico salão on<strong>de</strong> afinal estava to<strong>da</strong> a gente.<br />

Quando entrei, fui recebido como um herói, com uma gran<strong>de</strong> salva <strong>de</strong> palmas.<br />

Sentei-me na mesa entre os dois irmãos e verifiquei que era mesmo impossível ao Pai <strong>Natal</strong> do Norte<br />

an<strong>da</strong>r a distribuir os presentes tão constipado. Começámos a comer. A sopa estava <strong>de</strong>liciosa e o peru com<br />

batatinhas assa<strong>da</strong>s também não estava na<strong>da</strong> mau, mas o que gostei mais foi <strong>da</strong> gelatina <strong>de</strong> folhinhas <strong>de</strong><br />

bambu com manga.<br />

Após o almoço, ca<strong>da</strong> um foi para o seu lugar, trabalhando arduamente.<br />

No final do segundo dia, o trabalho estava mesmo bastante adiantado. Parecia que tudo ia finalmente<br />

correr bem. Só o Pai <strong>Natal</strong> do Norte, coitado, é que continuava cheio <strong>de</strong> febre e embrulhado em grossos

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