O Natal da Margarida e da Constança - Pegada-de-papel

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é fé, alegria e felicidade. Ela explicara que o verdadeiro valor do Natal se apagara, já há alguns anos e que agora era apenas venda, compra, presentes e comida. Já ninguém se lembrava da razão pela qual existia o Natal e por que se celebrava. Aos poucos fui observando da minha varanda que era mesmo assim. As pessoas corriam de um lado ao outro com sacos de prendas e comida nas mãos. A multidão estava apressada, era Véspera de Natal! Mas porquê tanto alarido e aflição? Só para comer e receber presentes? Naquele momento, sim, eu percebi realmente as palavras da velha idosa. Compreendi que no Natal as pessoas não deveriam apenas dar prendas para receber também, mas sim dar por solidariedade e alegrar o outro. Aquela era a época de relembrar que alguém muito querido tinha nascido. Natal, Natal, Natal...Natal não se festeja! Natal sente-se com alma e coração! Nesse dia eu descobri algo de novo, diferente e especialmente… especial! Descobri o Natal e nunca me esquecerei das palavras senhora idosa: "No Natal as pombas brancas voam, pois Natal é compaixão, Natal é sentimento!" Vinte e cinco de Dezembro de 2005. Shirin Chorshanbaeva 8ºC nº 26
Conto de Natal Hoje dizem que é o dia mais frio do ano, dia 24 de Dezembro. O pai partiu para a guerra há exactamente um mês, dia 24 de Novembro de 1915, o dia em que fiz 10 anos. Não falta muito para eu ser uma mulherzinha. Na última carta que ele escreveu disse que no dia de Natal entraria por aquela porta e nunca mais voltaria a sair. Quando a mãe a leu foi a correr para o quarto a desatou a chorar. Eu não, já sou forte e sei que quando o papá promete, cumpre. Eu sei que ele vem. A lareira está acesa e o fumo escapa-se pela chaminé. Gosto de ver a madeira a arder e a estalar, parece que me aquece a alma e, por momentos, o calor envolve o meu corpo e sinto que o pai me abraça. Eu sei que a mãe está a tentar dar o seu melhor para que o ambiente da casa seja mais acolhedor, mas ambas sabemos que as saudades não o permitem. A comida está a faltar. Hoje em dia, com a guerra, todos os campos de cultivo foram destruídos e nos seus lugares ficaram as trincheiras; por isso, as mulheres cujos maridos partiram para a guerra e que têm de se alimentar e alimentar os seus filhos optaram por criar pequenos campos de cultivo nas traseiras das suas casas, apenas com os alimentos essencias. A mãe tentou essa hipótese, mas devido à sua falta de jeito e ao seu temperamento impaciente acabou por desistir. Hoje de manhã, como é véspera de Natal, a mãe acordou-me com muitos abraços e beijos e desejou-me um Feliz Natal, esforçando-se para que o seu sorriso mostrasse uma alegria que a guerra há muito levara. O pequeno-almoço foi melhor do que o habitual; em vez de uma fatia de pão, a mãe deixou-me comer duas e bebi uma caneca inteira de leite que me deu a sensação de alegria e de barriga cheia, o que há muito não sentia. O sol já se pôs e o sino da Igreja acabou de soar a meia-noite. Estou sentada num banco de madeira velha junto à lareira, quando ouço o som de passos vindos lá de fora e, poucos segundos depois, alguém bate à porta. Pela janela podia avistar-se a sombra de uma figura masculina. A mãe e eu olhámos uma para a outra com um olhar que jorrava
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