O Natal da Margarida e da Constança - Pegada-de-papel
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Trouxe a refeição para a mesa e servi todos. Levaram uma garfa<strong>da</strong> à boca e<br />
permaneceram calados.<br />
– Está maravilhoso! Tenho pena que o teu pai não veja isto – disse a minha mãe<br />
Era a primeira vez que a ouvia falar <strong>de</strong>le, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que me lembro. Divorciaram-se<br />
quando eu tinha apenas dois anos e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aí nunca<br />
mais falara com o meu pai; nem me lembrava <strong>de</strong>le. A<br />
minha mãe foi buscar a carteira, tirou o telemóvel e<br />
marcou um número (que parecia conhecer tão<br />
bem…).<br />
– Está? – ouviu-se do outro lado.<br />
As lágrimas escorriam-me pela face, era a<br />
primeira vez que ouvira a sua voz. As minhas irmãs estavam boquiabertas. A minha mãe<br />
indicou-lhe a mora<strong>da</strong> e em poucos minutos o meu pai chegou. Uma figura completamente<br />
diferente do que eu imaginara. Conversámos como se nos conhecêssemos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre e<br />
nele reconheci algumas parecenças.<br />
Aquela refeição uniu todos, após vinte e cinco anos sem nos falarmos. E tudo por<br />
causa <strong>de</strong> um livro, uma receita, uma consoa<strong>da</strong>!<br />
Ana Cláudia Cava<strong>da</strong>s Pereira <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> (Nº2, 9ºC)