Capitulo 2 - Alessandro Tirloni - Famiglia Tirloni
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novecentos – acontecia de esbarrar nas tribos dos nativos, e era preciso lutar contra<br />
eles (ghéra de combat cuntra i Bugheri”, contava com ênfase). Querendo ou não, o<br />
homem branco era o usurpador de suas terras, e portanto era um adversário a ser<br />
eliminado.<br />
As crônicas de Porto Franco narram detalhadamente também a brutalidade dos<br />
Bugres quando atacavam. Escondiam-se no meio da mata, ficavam imóveis por horas<br />
a fio para estudar os movimentos dos colonos, depois os atacavam com arcos e<br />
flechas, e não davam chances aos desafortunados colonos. Não faziam distinção ente<br />
homens, mulheres ou crianças, e sobretudo, uma vez mortos, os corpos dos infelizes<br />
eram objeto de um ritual de barbárie absolutamente incrível: cortavam os pulsos e os<br />
tornozelos (ou talvez até cortavam as mãos e os pés) das vítimas para fazer escorrer<br />
todo o sangue, e depois o corpo era cortado em pedaços, os quais eram levados<br />
embora pelos indígenas como troféus.<br />
Isso acontecia sobretudo quando os colonos provocavam os indígenas,<br />
debochando e rindo deles. Infelizmente ocorria também isso: os colonos estavam<br />
armados de pistolas, enquanto os indígenas tinham apenas arcos e flechas (talvez<br />
envenenadas). Estando em uma situação de superioridade por causa das armas, os<br />
colonos sentiam-se protegidos, tornavam-se desprezadores e provocadores dos<br />
indígenas. Era sobretudo esse o motivo que desencadeava a fúria indígena. Essa gente<br />
não gostava absolutamente de ser provocada, mas os pioneiros não queriam saber<br />
disso e continuavam a provocá-los.<br />
Pessoalmente sou levado a crer que o bisavô Emanuele não pertencia àquele<br />
grupo de pessoas que provocava os indígenas porque se sentiam seguros por causa de<br />
suas armas de fogo. Sou propenso a crer que se tratasse de esporádicos combates<br />
ocorridos – talvez até cruentos – os quais o bisavô precisou enfrentar simplesmente<br />
porque teve a má sorte de encontrar-se no lugar errado, no momento errado.<br />
Obviamente não todos os indígenas eram iguais, e nem todos os colonos eram<br />
tão estúpidos de quererem provocá-los. Falava-se também das diversas ocasiões nas<br />
quais, na mesma Porto Franco, a autêntica amizade entre colonos e Bugres era coisa<br />
ordinária, a tal ponto de estarem na mesma mesa, indígenas e colonos. Seria de<br />
esperar que se encontrassem, frente a frente, o indígena pacífico e o bom colono, e<br />
que se agisse de tal forma correta, ou pelo menos de forma diplomática, para não se<br />
chegar a provocá-lo. Infelizmente não acontecia sempre assim, e o preço pago com o<br />
derramamento de sangue foi alto para ambas as partes.<br />
Apesar de verem-se impelidos a enfrentar esse difícil problema de<br />
relacionamento com as populações indígenas, os pioneiros iniciaram a trabalhar a<br />
terra que cansativamente tinham conquistado. A região de Porto Franco é<br />
montanhosa. As poucas terras planas encontravam-se vizinhas às margens do rio, e a<br />
floresta cobria todos os montes, e portanto a agricultura era, pelo menos nessa fase<br />
inicial, quase impossível. A maior parte dos colonos era de origem agrícola, e a única