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Capitulo 2 - Alessandro Tirloni - Famiglia Tirloni

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cadeia sobre a economia da população toda. Caindo os preços, caíram os salários e<br />

caiu o valor de cada coisa. Isto pesou fortemente sobre a renda e sobre os ganhos do<br />

velho <strong>Alessandro</strong> que vê, em pouco tempo, diminuir sensivelmente todas as suas<br />

riquezas.<br />

<strong>Alessandro</strong>, não obstante tudo isso, chegou a não se dar por vencido totalmente<br />

pelos acontecimentos. Graças à sua teimosia e à sua coragem, despertou-se o seu<br />

aguçado tino para os negócios e chegou – não se sabe como – a correr às<br />

compensações, evitando a bancarrota. Ainda uma vez chegou a emergir das<br />

dificuldades e limitar parcialmente os danos, mas infelizmente, para ele, o seu<br />

império econômico tinha sido fortemente dizimado.<br />

Este ato de força e de coragem seria o último de sua vida. No início do mês de<br />

maio, a forte fibra de <strong>Alessandro</strong> dava os primeiros avisos do eminente<br />

comprometimento. Foi acometido de fortes febres que não cediam. Foi a primeira vez<br />

que os seus familiares viram o velho genitor enfermo, e logo pareceu claro a todos,<br />

inclusive a <strong>Alessandro</strong>, que a sua sorte estava assinada.<br />

Aquele que até há poucos dias era um homem da têmpera e de coração de aço,<br />

agora jazia impotente por dias inteiros, naquele leito, no qual estava acostumado a<br />

passar apenas poucas horas noturnas. A sua fragilidade de homem velho emergiu em<br />

toda a sua naturalidade e o destinava aos últimos olhares dos seus familiares, em uma<br />

veste na qual ninguém até então estava habituado a vê-lo. É agradável pensar que, ao<br />

menos naquele momento, todos os rancores com os filhos tenham sido superados pela<br />

piedade cristã do extremo momento, e que todos tenham ido a render-lhe a última<br />

saudação.<br />

Provavelmente, durante as intermináveis horas transcorridas como moribundo<br />

naquele leito, <strong>Alessandro</strong> chegou a rever toda a sua vida. Por certo, reviu-se como<br />

jovem enérgico e carregado de entusiasmo, enquanto zarpava na direção do<br />

desconhecido; reviu a baía do rio de Porto Franco onde aportou com as canoas quase<br />

meio século antes; reviu a sua gente, aquela com a qual combateu pela emancipação<br />

social naquele canto remoto do sul brasileiro. Reviu aquela primeira vez que cruzou o<br />

olhar com Elisabetta, a brava mulher que suportou o seu tremendo caráter, e que treze<br />

anos antes o havia precedido no além. Repensou, com certeza, em todas as vezes nas<br />

quais o seu desenfreado egoísmo fez sofrer aquelas pessoas a ele mais queridas.<br />

Talvez até tivesse chegado a arrepender-se seriamente por todo o mal que fez,<br />

por aquela filha que deixou morrer ainda jovem, e talvez tenha pedido perdão a todos<br />

os seus filhos, numa extrema tentativa de reabilitação. Talvez tenha chegado a pensar<br />

que poderia haver ainda o tempo para remediar algumas coisas... mas já era muito<br />

tarde, e estava chegando a hora em que o velho leão precisava zarpar na direção da<br />

viagem mais longa, na direção da meta mais desconhecida. A mente se ofuscou e os<br />

olhos se perderam nas névoas da breve agonia.

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