Acto notarial da divida feita da Rosa <strong>Tirloni</strong> e Carlos Tridapalli com <strong>Alessandro</strong> <strong>Tirloni</strong> (ano 1911) Não se sabe se era uma prática obrigatória, pelo fato de que se vendiam terrenos, ou se foi feito por vontade de <strong>Alessandro</strong>. Se esta última hipótese, porém, fosse verdadeira, tudo isso seria incrível, porque demonstraria que quando estava em jogo o dinheiro, ele não se fiava nem mesmo na palavra dada pelos filhos!
Quando tudo estava preparado, veio o dia da partida. Depois de trinta e três anos passados no Brasil, <strong>Alessandro</strong> se preparava para deixar definitivamente aquele pequeno canto do mundo, perdido no mato, onde se falava Bergamasco, o qual nasceu e se desenvolveu também - ou para dizer melhor:”sobretudo”- por seu mérito. Havia chegado a estas terras, ainda jovem, carregado de esperanças e de vontade de vencer. Transformou uma floresta inexplorada em uma colônia fervente de atividades, e agora com cinquenta e sete anos, se apresentava para enfrentar uma nova aventura naquela terra que havia deixado por desespero, tantos anos antes. Nesta nova aventura não estava sozinho, mas sim acompanhado da mulher e da maior parte dos filhos. Não era um deserdado, mas ao contrário, era um homem rico. Portanto, tudo fazia pensar que agora, para ele, o caminho era cômodo e em descida. Segundo minha opinião, porém, não deve ter sido fácil para ele dar este passo e começar tudo de novo. Este era o momento de fazer o balanço, e seguramente <strong>Alessandro</strong> olhou ao seu derredor, procurou captar pela última vez aquelas imagens tantas vezes vistas de Porto Franco e de sua gente. Abandonar tudo aquilo que fez e foi construído com suor e cansaço, não era certamente fácil, e com certeza as emoções que teria provado não devem ter sido muito diferentes daquelas que, quando jovem, havia experimentado ao partir como emigrante na direção do Brasil. Com certeza, para os dois cônjuges, o momento da definitiva despedida de seus filhos deve ter-lhes causado um impacto muito forte. Podemos imaginar o quanto tenha sido doloroso aquele momento, até mesmo para uma pessoa como <strong>Alessandro</strong>. A saudação que dirigiram reciprocamente era, de fato, um “Adeus”, e não um “até logo”. Saudaram-se com a certeza de que não voltariam nunca mais a se ver. Não temos relatos detalhados sobre este momento, portanto não sabemos com precisão como foi exatamente esta despedida. É agradável pensar que, ao menos numa ocasião de uma semelhante despedida, todos estivessem presentes, juntamente com os amigos e conhecidos da vila. Com certeza estavam presentes: - Joana, filha primogênita, que tinha vinte e nove anos, e que oito anos antes havia contraído um bom matrimônio com João Morelli, que tinha trinta e cindo anos. Os dois tinham quatro filhos: Luís de sete anos, Maria com cerca de cinco anos, Anna que tinha três anos, e José que tinha apenas um ano. - Albina, segunda filha, que tinha vinte e cindo anos, e estava casada há dois anos, com José André Maestri, que tinha vinte e seis anos. Este casal tinha uma filha de pouco mais de um ano, de nome Maria. - Rosa, a terceira filha, que tinha vinte e quatro anos, e também ela há quatro anos havia contraído um ótimo casamento com o neotrentino, Carlos Tridapalli, de trinta e seis anos. Não sabemos quantos filhos tinham, neste momento, além do primogênito Luís, de 3 anos.