Capitulo 2 - Alessandro Tirloni - Famiglia Tirloni
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primeiro neto homem de <strong>Alessandro</strong>, nascido na Itália, e a este foi dado o nome de<br />
Ângelo Batista <strong>Tirloni</strong>, em memória do falecido tio, que veio a faltar 4 anos antes,<br />
durante a travessia do oceano, na viagem para a Itália. Por um erro cometido pela<br />
parteira ao registrar o menino, os nomes ficaram invertidos, mas isto não obstou que<br />
ele fosse chamado por toda a sua vida, em casa e em público, “El zio Angel”, o tio<br />
Ângelo.<br />
Um mês depois do nascimento deste menino, no dia 29 de novembro de 1913,<br />
Vittorio se casou com Lucia Cucchi, uma conterrânea sete anos mais jovem do que<br />
ele, e também esses foram morar na fazenda Battagliona.<br />
Luzia era uma mulher alegre, de sorriso fácil, e se uniu logo à cunhada Rosa,<br />
que era uma mulher delicada e disponível. Iniciou-se assim uma amizade entre as<br />
duas cunhadas, que aliás seriam sempre grandes amigas, e juntas tentariam sustentarse<br />
para poderem conviver com o embaraçoso sogro <strong>Alessandro</strong>.<br />
Como já foi dito, durante todos esses anos de vida italiana, os relacionamentos<br />
entre os dois ramos da família (aquela da Itália e a do Brasil) foram mantidos por uma<br />
constante correspondência. Seria desejável que as cartas fossem sempre portadoras de<br />
novidades de ambas as partes, que anunciassem os matrimônios e os novos<br />
nascimentos dos vários netos.<br />
<strong>Alessandro</strong> era quase analfabeto ou, no máximo, seria apenas capaz de ler, mas<br />
não de escrever. É, portanto, pouco provável que suas cartas fossem escritas por ele<br />
mesmo. Com certeza foram ditadas por ele a algum filho, filha e nora.<br />
Inevitavelmente todos os componentes da família receberam uma influência do<br />
linguajar de gírias usadas no Brasil. Para exemplificar, sabe-se que <strong>Alessandro</strong> por<br />
toda a sua vida utilizou o termo “safado” para indicar uma pessoa da qual não se pode<br />
confiar, um embrulhão, ou até mesmo um delinquente. Este era um termo que não<br />
proveio absolutamente da tradição bergamasca, mas ao contrário, tinha uma<br />
derivação tipicamente das colônias portuguesas da América Latina.<br />
Sobre este detalhe, seja dito que na casa <strong>Tirloni</strong> havia uma grande disparidade<br />
entre os níveis de escolarização dos irmãos. Sabemos que Joana e Rosa sabiam ler,<br />
mas não sabemos se elas sabiam escrever. Sabemos que Vittorio estudou num<br />
colégio, que Ângela e Francesca sabiam escrever de maneira decente, e sabemos<br />
também que Emanuelle nunca frequentou uma escola, mas estava apto a ler, e sabia<br />
fazer apenas a sua assinatura. Não sabemos qual a sorte que coube aos outros irmãos,<br />
mas se pode presumir que todos soubessem pelo menos ler.<br />
Uma ajuda para a alfabetização foi dada à família por uma personagem que,<br />
definir como “particular”, “caprichosa” ou até “excêntrica” seria ainda redutivo.<br />
Trata-se da anciã senhorita Luiza Valaguzzi (1863 – 1947), melhor conhecida como<br />
“la Bígia Valagusa” (= a parda de Valagusa), ou então como a “Bígia de Cof”(= a