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Capitulo 2 - Alessandro Tirloni - Famiglia Tirloni

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Emanuele, e com certeza era ele quem, mais vezes, voltava o seu olhar para a popa do<br />

navio, e olhava a trilha de espuma branca deixada por ele, uma trilha que levava de<br />

volta para o Brasil... Não deve ter sido fácil para ele, jovem obediente e de caráter<br />

suave, deixar a namorada, para seguir os desejos da família. Quem sabe como se<br />

sentia... Talvez como um traidor! Infelizmente, não temos relatos deste fato.<br />

Entre todos os membros da família, <strong>Alessandro</strong> era já um viajante experiente.<br />

Esta era a terceira vez, em poucos meses, que sulcava o mar, e seguramente estava de<br />

tal modo habituado às emoções de tal viagem, que tudo poderia se tornar enfadonho.<br />

Mas, infelizmente, para ele esta viagem estava sendo a pior de todas, destinada a não<br />

ser jamais esquecida, por nenhum daqueles que dela participavam.<br />

Mesmo que não estivessem viajando como emigrantes e em condições<br />

extremamente ruins, um navio permanece sempre um lugar restrito, e os riscos são<br />

sempre possíveis. Se porventura ocorresse uma epidemia, todos os viajantes, também<br />

os de primeira classe, correriam sérios riscos.<br />

Ao embarcar no porto de Itajaí, estavam presentes nove pessoas. Mas somente<br />

oito desembarcaram em Gênova. Não sabemos com exatidão o que ocorreu, e quando<br />

teria acontecido. Talvez tenha sido por causa de uma epidemia, ou talvez tenha sido<br />

simplesmente uma ocorrência infeliz que atingiu uma pessoa, mas infelizmente,<br />

durante a travessia, o penúltimo filho, Ângelo, adoeceu gravemente, e para nada<br />

valeram os cuidados que lhe foram prestados.<br />

Em breve, Ângelo fechava para sempre os seus jovens olhos. Tinha apenas<br />

treze anos.<br />

Podemos bem imaginar a tristeza e o desespero que atingiu toda a família<br />

naquele momento. De Ângelo não temos nem fotografias e nem documentos. Dele<br />

não se sabe praticamente nada. Não sabemos nem sequer com exatidão a sua idade.<br />

Foi citado nas crônicas familiares só e exclusivamente por causa do fato de sua morte.<br />

É muito triste pensar que esse jovem sobreviveu às insídias da natureza selvagem de<br />

Porto Franco, e morreu por “culpa” da vontade paterna de retornar para a Itália.<br />

Talvez Ângelo estivesse entusiasmado com a ideia de embarcar num navio e<br />

fazer uma longa viagem, em direção à terra de origem de seus genitores, da qual<br />

tantas vezes ouvira falar. Talvez, ao contrário, a ideia da viagem o amedrontava e<br />

entristecia, porque perdia os amigos... Não podemos nunca saber, mas aquilo que é<br />

certo é que ele era pequeno, portanto pertencia ao grupo que não tivera outra escolha,<br />

e lhe coube a triste sorte de subir naquela maldita nave.<br />

Diga-se de passagem que, naquele tempo, as pessoas eram muito mais<br />

preparadas e “habituadas” à ideia da morte. Esta era uma companheira que corria<br />

sempre muito próxima de todos, dados os escassos meios da medicina. Bastava, de<br />

fato, pouco ou nada, para enviar uma alma para Deus. Certo é que, no meio do mar,<br />

inerme diante de um evento tão cruel que se lançou sobre um rapaz tão jovem, com<br />

certeza <strong>Alessandro</strong> teria elevado os olhos aos céus, e teria perguntado cheio de<br />

raiva: ... mas por quê?...

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