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Capitulo 2 - Alessandro Tirloni - Famiglia Tirloni

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tinha o pleno controle da economia familiar. Diante de seus olhos passavam os livros<br />

contábeis, os quais controlava meticulosamente.<br />

Naqueles tempos não se pagava a cada compra feita. O comerciante marcava<br />

nos cadernos as contas de cada família, e a dívida chegava em dias estabelecidos. Era<br />

então que <strong>Alessandro</strong>, enquanto todos dormiam, iniciava a sua revisão das contas, e<br />

se não se enquadravam naquilo que ele pensava, começavam os problemas, porque<br />

isto significava que tinha sido comprado alguma coisa sem o seu conhecimento. Meu<br />

avô Peppino recordava uma cena do velho nono <strong>Alessandro</strong> que procurava<br />

compreender o porquê de uma conta, a seu dizer, particularmente exagerada, e<br />

pensando em voz alta dizia: “Por que 3,80 liras? As mulheres teriam comprado o<br />

sabão?...<br />

Ora, o sabão era um daqueles bens de luxo que não se podia permitir todos os<br />

dias. Era exatamente como o açúcar que era comprado somente em caso de doenças.<br />

Chegado na Itália com dois sacos cheios de moedas de ouro, <strong>Alessandro</strong> fazia<br />

viver a família quase na miséria Era seu costume comprar as frutas que estavam já<br />

apodrecendo (em dialeto se dizia:”col pulesì bagnat”= com o pinto molhado) pois<br />

assim podia pagá-las menos.<br />

<strong>Alessandro</strong> recorria muitas vezes à nora Rosa, que era alfabetizada, para fazê-la<br />

escrever suas as cartas para os filhos que estavam no Brasil. Não abandonou nunca a<br />

esperança de que um dia viessem para a Itália. Para convencê-los, em várias cartas<br />

sugeriu à nora que escrevesse que na Itália “havia sempre a primavera”. Não perdia,<br />

porém, a ocasião de denegrir essa nora, a Rosa, diante de todos, todas as vezes que se<br />

apresentava alguma ocasião. Rosa, passados alguns anos, se tornou uma senhora<br />

robusta, e infelizmente começou a sofrer de cardiopatia, para a qual, naquele tempo,<br />

não havia tratamento adequado. “Ogne tant el dutur ghe daa de bif argot, ma prope<br />

quant la staa mal. Traduzindo: “De vez em quando o médico lhe dava algum<br />

remédio para tomar, mas somente quando ela ficava mal”, recordava a tia Luzia, por<br />

todos chamada “ tia Cia”. Muitas vezes faltava-lhe o ar e as forças, e tinha<br />

necessidade de alimentar-se mais e melhor do que aquilo que a mesa da casa Triloni<br />

lhe oferecia todos os dias. Mas o velho <strong>Alessandro</strong> implicava até nisso. Numa dessas<br />

ocasiões, a família se achava reunida à mesa, e Emanuele renunciou à sua porção de<br />

alimentos para dá-los à mulher que já tinha terminado de comer a parte que lhe cabia.<br />

A cena foi notada por <strong>Alessandro</strong> que, subitamente, interveio em voz alta dizendo:<br />

“Ecco, te ta mangiareset anche le gambe del taol” Traduzindo: “ Eia! Tu comerias<br />

até as pernas da mesa”.<br />

Como em toda a realidade daquele tempo, também na casa <strong>Tirloni</strong>, na qual<br />

certamente o dinheiro não faltava, a procura do alimento era um problema que mais<br />

afligia a todos, e por isso <strong>Alessandro</strong> impôs a todos que fossem parcos a todo custo, a<br />

fim de evitar as despesas. Além disso, era quase impossível escapar à vigilância da<br />

jovem Vittoria, que desde a morte da mãe, tinha assumido o cargo de “ regência”, ou

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