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Capitulo 2 - Alessandro Tirloni - Famiglia Tirloni

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um lado representava um obstáculo quase intransponível, e de outro lado assegurava<br />

aos pioneiros o sustento necessário para viver. Todos tinham à disposição os frutos<br />

oferecidos pela floresta, a carne dos animais (matavam-se e se comiam macacos,<br />

cobras, veados, pacas, cotias, porcos do mato e muitos outros animais típicos de<br />

engorda) e chegavam a fabricar farinha de milho ou de mandioca, com as quais<br />

preparavam a “polenta” e o “pão”. Observando os indígenas, os colonos moveram-se<br />

cautelosamente, mas chegaram a experimentar também alimentos decididamente<br />

estranhos, como por exemplo, o miolo de uma particular palmeira chamada de<br />

palmito.<br />

Fazendo uma análise geral, deduz-se que além das normais dificuldades que<br />

todo mundo encontrava naqueles tempos, aqui no Brasil acrescentavam-se ainda<br />

outras. Antes de tudo, as vias de comunicação com o resto do mundo eram<br />

absolutamente primitivas. Não sei quando foi aberta a estrada para carros, mas<br />

seguramente a estrada que conduzia a Brusque, por muitos anos permaneceu pouco<br />

mais do que uma picada, e o caminho de comunicação mais usado era o rio. Pode-se,<br />

pois, intuir quanto tempo se empregava para fazer chegar à vila todas as mercadorias<br />

necessárias aos vários habitantes.<br />

O único médico morava em Brusque, e portanto, quando alguém se sentia mal,<br />

ou então sofria um acidente, tinha a sorte marcada! Imagino que, principalmente nos<br />

primeiros tempos da colonização, os casos de intoxicação alimentar fossem bastante<br />

frequentes porque os pioneiros deviam instruir-se sobre a natureza que os circundava,<br />

tão diversa daquela à qual estavam habituados na nativa planície bergamasca. E não<br />

era suficiente observar os hábitos dos indígenas, porque os estômagos não estavam<br />

“preparados” para os alimentos oferecidos pela floresta. Precisavam descobrir aquilo<br />

que era comestível e aquilo que não era, e isto seguramente teria exigido um<br />

pagamento de vidas humanas...<br />

As mulheres eram aquelas que levavam a pior, nesta comunidade arcaica, e<br />

muitas vezes morriam de parto, também porque, sobretudo nos primeiros anos, não<br />

havia a presença de uma parteira. No inverno ocorriam as geadas e com isso as<br />

crianças eram acometidas de doenças respiratórias, como também de febres. As<br />

infecções faziam vítimas indistintamente. Não era fácil ficar velho neste canto do<br />

mundo!<br />

A natureza mesma já era por si só o primeiro elemento que se lançava contra os<br />

colonos. O forte calor do longo tempo de verão (muito mais longo que o nosso, na<br />

Itália), impedia a conservação dos alimentos, mas sobretudo exercia um forte<br />

impacto sobre os animais. Porto Franco surgia, de fato, em meio a uma floresta densa,<br />

onde pululavam sobretudo as serpentes, muitas das quais eram venenosas.<br />

O bisavô Emanuele contava, por exemplo, que próximo de sua casa cresceram<br />

plantas de palmitos, dos quais todos (sobretudo o bisavô) eram gulosos, mas não<br />

podiam aproximar-se porque ali se aninhavam as serpentes. A coisa à qual deviam<br />

estar particularmente atentos era impedir que as cobras entrassem em casa, e para

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