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110 / Jesus Nosso Destino<br />
Os russos são sempre sarcásticos a este respeito. «Nós mandámos<br />
os nossos sputniks para o espaço.»—dizem eles. «Se Deus realmente<br />
existisse, tínhamo-lo visto.» Multidões <strong>de</strong> homens e mulheres estão<br />
confusos. «On<strong>de</strong> está Deus?» — perguntam eles. «Estará realmente<br />
para além do céu azul? A <strong>que</strong> distância? A cem, a mil quilómetros <strong>de</strong><br />
distância?»<br />
Quero <strong>que</strong> este ponto fi<strong>que</strong> bem claro: Em nenhum ponto da Bíblia<br />
foi alguma vez usada a expressão «além do céu azul». A Bíblia diz<br />
algo totalmente diferente, quando <strong>de</strong>clara. «Deus não está longe <strong>de</strong><br />
cada um <strong>de</strong> nós.» Noutra passagem, lemos: «Tu cercas-me — <strong>por</strong><br />
<strong>de</strong>trás e pela frente.» Nós não po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r isto, a não ser<br />
<strong>que</strong> tenhamos em conta <strong>que</strong> os nossos sentidos só po<strong>de</strong>m perceber um<br />
mundo a três dimensões. Deus, contudo, está noutra dimensão —<br />
mas, ao mesmo tempo, está muito perto <strong>de</strong> nós.<br />
É claro <strong>que</strong> nós po<strong>de</strong>mos falar com Deus! Como no caso <strong>de</strong> andar<br />
sobre a corda bamba, acontece o mesmo com a oração. Po<strong>de</strong>remos<br />
orar, se soubermos como! A gran<strong>de</strong> parte dos homens e mulheres <strong>de</strong><br />
hoje tem <strong>de</strong> admitir: «Eu não sei orar!» E você? Por <strong>que</strong> não é<br />
absolutamente sincero, ao menos uma vez? A verda<strong>de</strong> é <strong>que</strong> não faz<br />
i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> como <strong>de</strong>ve orar, <strong>por</strong><strong>que</strong> se fizesse, estaria a orar.<br />
Esta é uma das mais alarmantes características do século XX. A<br />
nossa geração per<strong>de</strong>u a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> orar e, como resultado disso,<br />
per<strong>de</strong>u a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crer. O bem conhecido autor alemão Franz<br />
Werfel escreveu um romance intitulado «O Céu Profanado». Uma<br />
frase <strong>de</strong>sse livro ficará para sempre gravada na minha memória,<br />
enquanto eu viver. Diz ela: «O sinal típico dos tempos mo<strong>de</strong>rnos é a<br />
insensatez metafísica do homem.» Com o termo «metafísica» ele <strong>que</strong>r<br />
referir as realida<strong>de</strong>s eternas, <strong>que</strong> pertencem a outra dimensão. O<br />
homem tem sido tão estupidificado pela rádio e televisão, conversa<br />
fiada, propaganda, i<strong>de</strong>ologias <strong>de</strong> toda a espécie, políticas, vizinhos e<br />
tensões no trabalho, <strong>que</strong> jánão consegue aperceber-se da proximida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Deus ou da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicar com ele.<br />
Será possível falar com Deus? Seria, sem dúvida, possível, se a<br />
mente das pessoas ao longo do século passado não tivessem sido<br />
drogadas com tanto racionalismo.<br />
Um rapaz <strong>de</strong> 16 anos falou-me acerca <strong>de</strong> um dos inci<strong>de</strong>ntes mais<br />
terríveis <strong>que</strong> tinha presenciado, quando era soldado durante a guerra.<br />
Depois dum rai<strong>de</strong> aéreo, ele foi o primeiro a sair do abrigo e, <strong>por</strong>tanto,<br />
foi ele <strong>que</strong> encontrou um dos colegas estendido no chão, com o<br />
abdómen esfacelado. O rapaz <strong>que</strong>ria ajudá-lo, mas o colega ferido